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Justiça de MT anula leilão de fazenda bilionária arrematada pelo BTG Pactual por valor “vil”; produtor de Rondonópolis desabafa após 7 anos

A decisão, proferida no dia 16 de abril pela juíza Milene Aparecida Pereira Beltramini, atende ao pedido da Camponesa Agropecuária Ltda, dona da propriedade de 24.910 hectares localizada em Chapada dos Guimarães.

Foto-Jornal Advogado

A Justiça de Mato Grosso anulou a arrematação de uma das maiores fazendas de soja do Centro-Oeste feita pelo banco BTG Pactual, após reconhecer o valor da venda como “vil” e identificar uma série de irregularidades no processo. A decisão, proferida no dia 16 de abril pela juíza Milene Aparecida Pereira Beltramini, atende ao pedido da Camponesa Agropecuária Ltda, dona da propriedade de 24.910 hectares localizada em Chapada dos Guimarães.

O leilão ocorreu em abril de 2018, quando o BTG adquiriu a fazenda por R$ 130,5 milhões. No entanto, a avaliação apresentada à Justiça pela própria empresa executada indicava que a área valia R$ 507 milhões na época. O edital inicial indicava um valor de R$ 190 milhões, posteriormente atualizado para R$ 261 milhões — cifra também considerada defasada. Hoje, segundo empresários da região, o imóvel está avaliado em aproximadamente R$ 1,8 bilhão, sendo 18 mil hectares agricultáveis.

“O preço da arrematação caracteriza-se, sim, como vil”, escreveu a magistrada. Ela também determinou a reintegração de posse da fazenda à Camponesa, o que pode gerar repercussões expressivas no agronegócio mato-grossense, já que o BTG vem explorando comercialmente a área há sete anos.

 

Produtor rural comemora decisão: “fui finalmente ouvido”

O produtor rural Ademar Wurzius, de 74 anos, conhecido como “Lagoa”, celebrou a sentença judicial como um alívio após uma longa batalha. “Foram sete anos de abuso e injustiça, mas finalmente fui ouvido”, declarou o agricultor, um dos fundadores da Camponesa Agropecuária.

Decisão aponta vícios graves no leilão

A juíza apontou diversos vícios no processo, como o uso indevido de créditos pertencentes a terceiros como forma de pagamento — o BTG utilizou uma dívida da Laranjal Agropastoril, empresa sem vínculo jurídico com a Camponesa, para compor o lance. Além disso, perícia oficial demonstrou que a dívida da Camponesa com o banco, apontada como R$ 75,8 milhões, era de apenas R$ 43,1 milhões.

Outro ponto destacado na decisão foi a realização de dois leilões públicos no mesmo dia, com intervalo de apenas uma hora entre eles, o que prejudicou a lisura do processo. A magistrada também criticou o atropelo dos prazos legais, pois a carta de arrematação foi expedida apenas quatro dias após a realização do leilão, sem que fosse respeitado o prazo de 10 dias para impugnações.

BTG não comenta processo

Procurado, o BTG Pactual declarou que não se manifesta sobre processos judiciais em andamento. A decisão judicial ainda é passível de recurso

 

 

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