Redação Terra
-
Cerca de 1,3 milhão de famílias que recebem o Bolsa Família não chegam a ultrapassar a linha da pobreza, atualmente calculada em R$ 218 por pessoa. Com isso, elas permanecem vulneráveis à insegurança alimentar. As informações constam no relatório do III Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (2025-2027), feito pela Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan).
O órgão, pertencente ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, analisa que, apesar dos impactos positivos do Bolsa Família e de outros programas assistenciais, a pressão de outros gastos sobre o orçamento das famílias pobres constitui uma das causas da persistência da insegurança alimentar. Nesse quesito, destaca-se o impacto da inflação dos alimentos.
"A relação entre a renda das famílias e o preço dos alimentos tem papel decisivo sobre as escolhas alimentares. Se, por um lado, é importante incrementar e proteger o rendimento das famílias, seja por meio da redução do desemprego e do aumento da massa salarial, seja por meio das políticas de transferência e garantia de renda, por outro lado é fundamental controlar a inflação de alimentos, em especial dos produtos da cesta básica", diz trecho do documento.
O relatório reforça ainda a necessidade de acompanhar a inflação dos alimentos saudáveis em comparação aos ultraprocessados, que tendem a ser mais baratos.
"Um passo importante no estímulo à produção de alimentos saudáveis foi dado, contudo, no lançamento do Plano Safra 2024-2025: o Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar] reduziu para 3% a.a. os juros para os créditos investidos na produção de alimentos como arroz, feijão, mandioca, leite, frutas e verduras", analisa o texto.
Outros pontos importantes que pressionam a renda das famílias são os gastos com transporte e deslocamento, além de habitação.
O Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional consiste em um diagnóstico que prevê estratégias e ações que o governo deverá tomar para garantir "o direito humano à alimentação adequada da população brasileira", segundo o ministro Wellington Dias.
O Plansan 2024-2027 reforça o compromisso de novamente tirar o Brasil do Mapa da Fome até 2026. O documento estabelece 18 estratégias intersetoriais e 219 iniciativas voltadas à segurança alimentar e nutricional, considerando, além dos desafios como aumento dos preços de alimentos, fome em territórios específicos (Amazônia, povos indígenas e população em situação de rua) e impactos das mudanças do clima.
Fonte: Redação Terra