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Polícia Sexta-feira, 25 de Abril de 2025, 08:13 - A | A

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“Nós é guerra com o Estado”: ouça líder do CV sobre fuga em Mossoró

Em áudios, liderança do CV fala em guerra com Estado após recaptura de presos que fugiram de Mossoró e da atuação como líder do CV

 
Fabio Serapião

Foto-Natal em Foco

Áudios encontrados pela Polícia Federal ao mapear a rede de apoio aos dois presos que fugiram de forma inédita do presídio federal de segurança máxima em Mossoró (RN) mostram o receio do líder do Comando Vermelho (CV) no Rio Grande do Norte com uma ação da Força Integrada de combate ao Crime Organizado (Ficco) contra liderança da facção. 

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Ao seguir os rastros dos fugitivos e identificar criminosos que atuaram para dar apoio à fuga, a Ficco chegou a João Carlos de Almeida Bezerra, o JC ou Dog. O traficante ainda está foragido. Os áudios indicam que ele está em uma comunidade no Rio de Janeiro dominada pela facção. 

JC e outros integrantes do CV são alvo da Operação Red Dots, deflagrada pela Ficco no último dia 11 de março. São investigados os crimes de organização criminosa armada, tráfico de drogas e de armas, lavagem de dinheiro, tortura e homicídio.

Além dele e de integrantes do CV, os investigadores alcançaram o principal fornecedor da facção no estado, cujo apelido é Conterrâneo. 

Os áudios são citados em relatórios da investigação sobre a rede de apoio do Comando Vermelho que atuou para evitar a recaptura de Deibson Nascimento e Rogério Mendonça.

Os dois são integrantes do Comando Vermelho no Acre e fugiram do presídio federal em Mossoró, em 14 de fevereiro. Eles foram recapturados apenas em 4 de abril de 2024, 50 dias depois. 

Dias após a recaptura, JC, o líder do CV no Rio Grande do Norte, enviou áudio a pessoas investigadas em que demonstra estar no Rio de Janeiro e com receio de uma operação da polícia na comunidade em que estava escondido.

Em um áudio, JC afirma que as autoridades perceberam que a rede de apoio aos fugitivos era comandada por integrantes da cúpula do Comando Vermelho. No áudio, JC indica estar em um comunidade no rio de Janeiro.

 

O traficante diz que, em caso de uma operação no local, as autoridades iriam levar muito tiro.

“Nós é guerra com Estado até última hora, se vier, vai levar muito tiro meu fi, as liderança tudim já disse, tu aqui num arreda o pé, nem você nem ninguém, se vier, meu fi, é aço por cima de aço, já fechamos a favela todinha, já botamos os pneu nas barricada, o fuzil já tá no óleo, tô com 12 pente aqui, fora as bala solta, 12 granada, a pistola com mais 10 pente”, diz JC em um dos áudios.

Em outro trecho da conversa com um interlocutor de nome Gustavo, entre os dias 9 e 11 de abril, JC fala dos preparativos da facção para caso haja uma operação na comunidade.

 
João Carlos Bezerra, o JC, apontado pela PF como liderança do Comando Vermelho

“Graças a Deus amenizou as coisa aí, tá ligado? Soltou os amigos, tá ligado? Agora as investigação vai vir para cá, entendeu, o Urso disse. Já tá papo de operação desde ontem, os pneu, as cancela tudo fechada, qualquer momento esses bicho vai vir aqui, entendeu”, completa.

Relatórios da investigação sobre a rede de apoio obtidos pela coluna mostram como integrantes do Comando Vermelho atuaram para evitar a recaptura de Deibson Nascimento e Rogério Mendonça.

Os dois são integrantes do Comando Vermelho no Acre e fugiram do presídio federal em Mossoró em 14 de fevereiro, e foram recapturados apenas em 4 de abril de 2024, 50 dias depois.

 

Dois dias após a fuga, a PF conseguiu a primeira informação para iniciar a investigação que desembocou na recaptura e na descoberta da rede de apoio.

Em 16 de fevereiro, os dois invadiram a residência de um casal e utilizaram um celular para fazer ligações. Foram essas chamadas que acionaram a rede de apoio do Comando Vermelho.

Após o telefonema, os dois foram resgatados do sítio por um homem ligado à facção e levados para uma região de chácaras entre Mossoró e uma cidade vizinha.

Em seguida, no dia 17 de fevereiro, eles saíram de lá e foram para um sítio em Baraúnas, onde foram hospedados por um homem cooptado por um casal de integrantes do CV. O dono do sítio recebeu R$ 5 mil pelo apoio, além de outros valores repassados pelo casal.

No mesmo dia, a mulher do casal investigado comprou roupas em Baraúnas para os fugitivos. Dois dias depois, em 19 de fevereiro, o homem que ajudou na ida para o sítio foi até Aquiraz, cidade do Ceará, onde se encontrou com um integrante da facção de apelido Qualidade.

Lá, o homem pegou armas que estavam escondidas e retornou para Baraúna. As mesmas armas foram encontradas com os fugitivos em 4 de abril quando foram recapturados. Com os investigadores buscando informações, o homem responsável pela ida até o Ceará é preso.

Dias depois, em 23 de fevereiro, o dono do sítio que hospedou os fugitivos também se apresentou a uma barreira policial. Mesmo com a ação dos investigadores, a dupla conseguiu seguir até o Ceará, onde pegou uma embarcação e seguiu até o Pará. Os dois foram presos em Marabá (PA), cerca de 1.600 km distante do local da fuga, quando tentavam fugir para o exterior.

Dias após a recaptura, o líder do CV no Rio Grande do Norte enviou áudio a pessoas investigadas em que demonstra estar no Rio de Janeiro e com receio de uma operação da polícia na comunidade em que estava escondido.

Em um áudio, JC afirma que as autoridades perceberam que a rede de apoio aos fugitivos tinha os integrantes da cúpula do Comando Vermelho como principais nomes.

“É porque eles viu (sic) que os cara que eles prendeu aí no Rio Grande do Norte aí, no Ceará, ele viu que os cara num tem nada haver né, eles tão sabendo que quem deu apoio mesmo foi nós, eles quer nós, soltaram os cara e quer nós”, diz JC no áudio.

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