Mayara Kelly costuma publicar nas redes sociais sobre o dia a dia. Em dois dos vídeos, ela mostra um pouco dos serviços como policial militar. Corporação diz que agente violou o Código Disciplinar Militar ao se promover com a farda.
O advogado responsável pela defesa de Mayara Kelly, Francisco Sabino, da Associação das Praças Militares do Estado do Ceará (Aspra), acredita que houve um equívoco e afirma que vai recorrer da decisão.
A policial acumula mais de 41 mil seguidores no Instagram, onde costuma compartilhar vídeos sobre sua rotina como mãe. No passado, ela também publicava conteúdos relacionados à sua profissão, sendo que a maioria desses vídeos foi feita em 2023.
Em um dos vídeos citados na decisão da Polícia Militar, publicado no dia 22 de abril de 2023, Mayara aparece lavando uma viatura em um quartel. Na gravação, ela comenta sobre as funções exercidas por mulheres na corporação, como patrulheira e motorista.
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Mayara Kelly
acumula mais de 41 mil seguidores no Instagram — Foto: Reprodução/Instagram
Em outra filmagem, Mayara aparece, fardada, ensinando como usar um torniquete. A publicação foi feita no dia 18 de julho de 2023.
A Polícia Militar afirmou que a sindicância realizada com a policial militar seguiu todos os procedimentos legais previstos no Código Disciplinar, garantindo ampla defesa e o direito ao contraditório. A corporação reforçou que a decisão está sujeita a recurso.
Entenda a decisão:
Conforme a decisão, publicada na última sexta-feira (4), Mayara violou os seguintes artigos do Código Disciplinar da Polícia Militar do Ceará:
- Art. 8º. Os deveres éticos, emanados dos valores militares estaduais e que conduzem a atividade profissional sob o signo da retidão moral, são os seguintes:
- XV - zelar pelo bom nome da Instituição Militar e de seus componentes, aceitando seus valores e cumprindo seus deveres éticos e legais;
- XXVII - observar as normas de boa educação e de discrição nas atitudes, maneiras e na linguagem escrita ou falada;
- XXVIII - não solicitar publicidade ou provocá-lo visando a própria promoção pessoal;
- Art. 13, parágrafo 1, inciso X: publicar, divulgar ou contribuir para a divulgação irrestrita de fatos, documentos ou assuntos administrativos ou técnicos de natureza militar ou judiciária, que possam concorrer para o desprestígio da Corporação Militar.
O que diz a defesa:
O advogado Francisco Sabino defende que Mayara não violou nenhum artigo do Código Disciplinar e que as publicações da policial são um “serviço para a sociedade”.
“Ela publicou o vídeo ensinando o torniquete porque o irmão dela, que é policial militar, num confronto com marginais, sofreu um tiro na perna, que atingiu a veia femoral. Ele estava com um sangramento intenso e por meio do torniquete, ele conseguiu estancar o sangramento, o que foi determinante pra ele conseguir chegar no hospital a tempo e sobreviver a esse tiro. Foi uma utilidade pública, mais policiais deveriam fazer isso”, defende.
Já referente ao vídeo em que Mayara aparece limpando a viatura, o advogado afirma que a agente “enalteceu o trabalho e protagonismo da mulher”.