Até a última atualização desta reportagem, 2 adultos foram presos, e 6 menores, apreendidos.
Agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav-RJ), com o apoio do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), saíram para cumprir 2 mandados de prisão temporária, 20 mandados de busca e apreensão e 7 de internação provisória de adolescentes infratores em Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
A rede criminosa é responsável por diversos crimes graves no ambiente virtual, entre eles:
- Tentativa de homicídio
- Induzimento e instigação ao suicídio
- Incentivo à automutilação
- Armazenamento e divulgação de pornografia infantil
- Maus-tratos a animais
- Apologia ao nazismo
A investigação revelou que o grupo se organizava virtualmente, por meio de plataformas criptografadas como Discord e Telegram, onde promoviam desafios e competições, sempre de crimes de ódio.
‘Só escutei o barulho e senti todo o meu corpo queimando’, lembra homem em situação de rua
As investigações iniciaram em 18 de fevereiro de 2025, quando um morador em situação de rua foi atacado e teve 70% do seu corpo queimado por um adolescente que atirou 2 coquetéis molotov em sua direção.
Em paralelo, Miguel Felipe, maior de idade, filmava e transmitia o evento em tempo real para cerca de 220 integrantes na plataforma Discord. Miguel Felipe foi preso, e o adolescente foi apreendido e internado provisoriamente pela Dcav.
Não foi fato isolado
Policiais da Dcav descobriram que o ataque não foi um fato isolado. “Os administradores do servidor utilizado no crime refletiam uma verdadeira organização criminosa altamente especializada em diversos crimes cibernéticos, tendo como principais alvos crianças e adolescentes”, explicou a polícia.
“A atuação da quadrilha é tão significativa no cenário virtual que mereceu a atenção de agências independentes dos EUA, a HSI e NCMEC, que emitiram relatórios sobre os fatos, contribuindo com o trabalho dos policiais civis envolvidos no caso.”
A Dcav também descobriu que o bando se espalhava por diferentes plataformas digitais e utilizava mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar, “em um cenário de extremo risco à integridade física e mental de crianças e adolescentes”.
“Como estímulo, eram oferecidas recompensas internas para aqueles que se destacassem nas atividades criminosas”, informou o MJSP.
Os alvos da investigação serão responsabilizados por diversos crimes, incluindo associação criminosa (art. 288 do Código Penal), indução ou instigação à automutilação (art. 122, §4º do Código Penal) e maus-tratos a animais (art. 32 da Lei 9.605/98). As penas podem ultrapassar 10 anos de reclusão.
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Material apreendido na Operação Adolescência Segura — Foto: Reprodução/TV Globo