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O governo de Donald Trump solicitou à Suprema Corte, nesta quinta-feira (24), que coloque em vigor a proibição de pessoas transgênero servirem como oficiais no Exército dos Estados Unidos, dando continuidade à sua perseguição às pessoas transgênero.
Em meados de março, um juiz federal suspendeu, em nome da igualdade, uma ordem executiva assinada pelo presidente republicano que pedia a exclusão de pessoas transgênero do exército e a suspensão de seu recrutamento.
O governo recorreu da sentença e, na quinta-feira, em um pedido à mais alta corte do país, argumentou que "a liminar do tribunal usurpa a autoridade do poder Executivo para determinar quem pode servir nas Forças Armadas do país".
Em sua petição, o Departamento de Justiça argumenta que a Suprema Corte "deve suspender a liminar do tribunal em sua totalidade", ou "no mínimo, suspender a liminar com exceção de oito indivíduos".
Logo após retornar à Casa Branca no final de janeiro, Donald Trump assinou uma ordem executiva para "livrar" o exército "da ideologia transgênero".
O decreto afirma que "a adoção de uma identidade de gênero incompatível com o sexo de um indivíduo contradiz o compromisso de um soldado com um modo de vida honrado, verdadeiro e disciplinado, mesmo na vida pessoal".
Atualmente, milhares de pessoas transgênero trabalham no exército e estão cobertas por esse decreto.
Transgênero como alvo de Trump desde seu 1° mandato
Os americanos transgêneros enfrentaram idas e vindas em mudanças sobre o serviço militar nos últimos anos, com administrações democratas tentando permitir que servissem abertamente, enquanto Trump repetidamente procurou mantê-los de fora dos batalhões.
O exército dos Estados Unidos suspendeu a proibição sobre militares transgêneros em 2016, durante o segundo mandato de Barack Obama. Sob essa política, os transgêneros já em serviço puderam exercer abertamente e recrutas transgêneros começam a ser aceitos em 1º de julho de 2017.
A primeira administração Trump decidiu reverter a política completamente, gerando críticas de grupos de direitos humanos. O sucessor democrata de Trump, Joe Biden, se mobilizou para reverter as restrições logo após assumir o cargo em 2021, afirmando que todos os americanos qualificados para servir deveriam poder fazê-lo.
Embora o número de membros transgêneros nas Forças Armadas dos EUA seja relativamente pequeno - estimado em cerca de 15 mil em mais de dois milhões de recrutas - sua demissão reduziria as forças norte-americana em um momento em que o país já enfrenta dificuldades de recrutamento.
As questões transgêneras agitaram a política dos EUA nos últimos anos, com estados controlados por democratas e republicanos tomando direções opostas em políticas que vão desde o tratamento médico até quais livros sobre o tema são permitidos em bibliotecas públicas ou escolares.
RFI com AFP