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Dependente químico

Crise política na Colômbia: ex-chanceler de Petro o acusa de ser viciado em drogas

Em carta, Álvaro Leyva diz que presidente sumiu por dois dias em viagem oficial a Paris e que nunca se recuperou da dependência química

Por Sandra Cohen

Foto-Revista Oeste

Especializada em temas internacionais, foi repórter, correspondente e editora de Mundo em 'O Globo'

Gustavo Petro, o presidente da Colômbia, não precisa de inimigos políticos, dadas as numerosas ocasiões em que foi alvo de fogo amigo. Desta vez, o torpedo partiu de seu ex-chanceler Álvaro Leyva, que numa carta endereçada ao presidente e publicada em suas redes sociais, afirma que Petro é viciado em drogas e sumiu, por dois dias, durante uma viagem oficial a Paris, em junho de 2023.

Está armado o cenário para mais uma grave crise política envolvendo o presidente na Colômbia extremamente polarizada. O país terá eleições presidenciais no próximo ano. Enquanto os aliados de Petro defendem o seu direito à privacidade, os adversários exigem que ele seja submetido a testes que comprovem o uso de drogas. 

“Foi em Paris que pude confirmar que o senhor tinha um problema de dependência química. Mas o que eu poderia ter feito? Eu era inferior. Eu deveria ter me aproximado, ajudado, auxiliado em tempo hábil. A verdade é que o senhor nunca se recuperou”, relatou Leyva, que foi o primeiro chanceler nomeado por Petro, ao assumir a Presidência, em agosto de 2022.

O ex-ministro das Relações Exteriores, de 82 anos, apresenta apenas o testemunho como evidência. De fiel escudeiro de Petro como primeiro ministro a ser nomeado, Leyva deixou o governo em maio do ano passado, no meio de um escândalo de emissão de passaportes. Ele foi suspenso pela Procuradoria-Geral da República pela anulação ilegal num processo de licitação.

Desde então, passou a cutucar o presidente em mensagens cifradas até esta quarta-feira, quando se dirigiu a ele diretamente por carta, protocolada na Presidência, para discorrer sobre frequentes episódios de impontualidade. 

'Cocaína não é pior que uísque,' diz presidente da Colômbia, Gustavo Petro 

“Seus desaparecimentos, chegadas tardias, descumprimentos inaceitáveis, viagens sem sentido, frases incoerentes, empresas questionáveis e outros descuidos continuam sendo registrados, senhor presidente”, escreveu Leyva na carta. 

Leyva denunciou abuso de poder por parte de Petro e atacou também três funcionários de seu círculo íntimo, por “sequestrar” o presidente: o presidente da Ecopetrol, Ricardo Roa, o chefe de Gabinete, Armando Benedetti, e a atual chanceler, Laura Sarabia. Os dois últimos se enfrentam numa espécie de guerra aberta dentro do governo.

A carta bombástica do ex-chanceler deflagrou a ira de Petro, que correu às redes sociais para contra-atacá-la. O presidente alega que estava na companhia das filhas e das netas, que moram na capital francesa, e que seu vício é o amor por elas. “Paris não tem parques, museus, livrarias mais interessantes do que o escritor, para passar dois dias? Quase tudo em Paris é mais interessante”, argumenta.

Jornalistas que o acompanharam na viagem a Paris, para participar da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, surpreenderam-se quando a visita foi subitamente estendida por mais um dia. A prorrogação foi atribuída a uma reunião do presidente com diretores da empresa Rafale, que não teria ocorrido.

De acordo com o relato atual do ex-ministro, naquele momento Petro estava desaparecido. “Como se a inteligência francesa fosse incompetente o suficiente para não saber do seu paradeiro. Momentos embaraçosos para mim como pessoa e como seu ministro das Relações Exteriores”, conclui Leyva. De crise em crise, Petro está cercado de adversários de toda a espécie.

 

 

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