Alexandre Bitencourt- Mais Goiás
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter e prisão do ex-ministro da Defesa e general do Exército Walter Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.
Braga Netto foi preso em dezembro do ano passado em razão de uma movimentação dele que visava interferir na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, no fim de 2022 e começo de 2023. Ele é alvo de uma investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A Primeira Turma é formada pelos ministros Cristiano Zanin (presidente), Cármen Lúcia, Flávio Dino, Luiz Fux e Alexandre de Moraes. O julgamento aconteceu em ambiente virtual e teve início na semana passada. Todos os cinco ministros votaram pela permanência de Braga Netto na cadeia.
Os mesmos cinco ministros analisarão se o STF aceita ou não denúncia contra Bolsonaro. Essa nova fase, com previsão de início em 25 de março, não é o julgamento do mérito da questão. É uma avaliação preliminar sobre o caso, quando os ministros dizem se há indícios mínimos na investigação.
Braga Netto nega envolvimento em plano para matar Lula
Braga Netto nega as acusações e tem afirmado que “nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar alguém” e que “sempre primou pela correção ética e moral na busca de soluções legais e constitucionais”.
Na conclusão da investigação do inquérito do golpe, a Polícia Federal afirma que o ex-ministro Walter Braga Netto tentou conseguir “informações sobre o acordo de colaboração” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a PF, essa tentativa ocorreu por meio dos pais de Mauro Cid.
Investigação é a mesma que indiciou Bolsonaro
“Outros elementos de prova demonstram que Braga Netto buscou, por meio dos genitores de Mauro Cid, informações sobre o acordo de colaboração”, diz o relatório final da investigação, que indiciou Bolsonaro, Braga Netto e outras 35 pessoas.
Em uma troca de mensagens, o general Mario Fernandes, que também foi indiciado, afirma que os pais de Mauro Cid teriam ligado para Braga Netto e o também ex-ministro Augusto Heleno e dito, sobre a delação, que “é tudo mentira”.
“Sobre a suposta delação premiada do CID, a Mãe e o Pai dele (CID) ligaram para o GBN e para o GH informando que é tudo mentira!!!”, escreveu Fernandes para o coronel reformado Jorge Luiz Kormann.
A mensagem foi enviada no dia 12 de setembro, três dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologar a delação de Cid.
Além disso, a PF aponta que uma operação de busca e apreensão na sede do PL encontrou um documento que seria uma espécie de “perguntas e respostas” sobre a delação de Cid. O documento estava na mesa do coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto — que, na época, ocupava um cargo no partido.
“O conteúdo indica se tratar de respostas dadas por Mauro Cid a questionamentos feitos por alguém, possivelmente relacionado ao general Braga Netto, que aparenta preocupação sobre temas identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado, evidenciando que o grupo criminoso praticou atos concretos para ter acesso ao conteúdo do Acordo de colaboração firmado por Mauro Cesar Cid com a Polícia Federal”, diz o relatório.
Em uma das perguntadas, por exemplo, foi questionado sobre “O que foi delatado” em relação ao “teor das reuniões”. A resposta, em primeira pessoa, diz que “nada”, porque “não entrava nas reuniões”.
“O contexto do documento é grave e revela que, possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial, as quais foram respondidas pelo próprio, em vermelho”, afirma a PF.