Redação Terra
Foto-Vatican News
O cardeal Angelo Becciu chegou a ser uma das pessoas mais próximas do papa Francisco, mas a relação acabou em decepção. O religioso foi banido de participar de conclaves pelo pontífice, em 2020, após envolvimento em escândalo de compra de um edifício em Sloane Avenue, em Londres, por 200 milhões de euros (cerca de R$ 1,3 bilhões na cotação atual). Na ocasião, Becciu também perdeu seus cargos na cúria romana.
Na época, o italiano tinha papel de destaque na Secretaria de Estado do Vaticano, responsável pela gestão dos fundos do Óbulo de São Pedro --sistema de arrecadação de doações da Igreja Católica para obras de caridade--, e ocupava a segunda maior posição, o que colocava Becciu como terceira principal autoridade da Igreja Católica.
Durante a investigação, ele sempre alegou inocência das acusações de fraude, abuso de poder, desvio e lavagem de dinheiro, corrupção e extorsão.
Agora, como todos os cardeais com menos de 80 anos, o italiano de 76 anos foi convidado para as congregações gerais pré-conclave e, agora, demonstrou desejo em participar da votação que vai eleger o novo líder da igreja. Ele foi condenado em primeira instância a cinco anos e seis meses de prisão, mas a decisão ainda cabe recurso.
A suposta participação do cardeal na cerimônia que vai escolher o novo pontífice - prevista para ocorrer nos primeiros dias de maio-- é conflitante. Becciu, por sua vez, insiste que é inocente e acredita ter sido 'indultado' pelo papa, de acordo com o jornal La Nación.
Assim, a Congregação Geral dos Cardeais, cuja primeira sessão ocorreu na manhã desta terça-feira, 22, terá de decidir sobre a reivindicação. Se Becciu participar, o número de possíveis eleitores ficará em aproximadamente 135, sendo sete brasileiros. Resta saber, porém, quem terá coragem e força para impedir a participação do italiano.
Angelo Becciu foi ordenado padre e tem um longo histórico diplomático. Ele atuou nas representações papais na República Centro-Africana, Sudão, Nova Zelândia, Libéria, Reino Unido, França e EUA.
Durante o papado de João Paulo II, o italiano ocupou o posto de representante diplomático do Vaticano, cargo conhecido como núncio apostólico. Ele desempenhou a função em Angola e São Tomé e Príncipe.
No pontificado de Bento XVI, passou a exercer a função em Cuba antes de ocupar o cargo na Secretaria de Estado, em 2011. A nomeação de cardeal veio em 2018 já pelo papa Francisco, que ainda o nomeou como prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, em 2019.
Fonte: Redação Terra