Por Kevin Lima, Filipe Matoso, g1 e GloboNews — Brasília
Atual comandante do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada Gleisi Hoffmann (PR) deixará o cargo no dia 10 de março para se tornar ministra de Relações Institucionais no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O substituto de Gleisi ocupará a cadeira até a posse do novo presidente da sigla, que será eleito em julho para um mandato de quatro anos (leia mais abaixo).
Entre os nomes cotados para assumir a vaga no lugar de Gleisi estão:
- para o mandato-tampão até a eleição: o senador Humberto Costa (PE) — que deve ser indicado pela ala majoritária da sigla — e o atual líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (CE)
- para comandar o partido pelos próximos quatro anos: o nome do ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva tem ganhado força.
Bastidores
A possibilidade de um presidente interino na sigla para o mandato-tampão abriu uma nova rodada de disputas internas entre correntes divergentes e aliadas.
Diferentes alas enxergam na vaga uma possibilidade de impulsionar candidaturas nas eleições internas de julho.
O campo majoritário do partido, que já tem enfrentado um "racha" na tentativa de consolidar um nome único para as disputas do próximo semestre, se viu mais uma vez dividido.
Membros da executiva nacional de diferentes correntes do PT avaliam que a decisão sobre o interino de Gleisi é uma prerrogativa da Construindo Um Novo Brasil (CNB), ala predominante dentro do partido.
Junto a membros da CNB, Gleisi, Guimarães e Costa se reuniram na noite desta quinta (6) para definir quem seria o escolhido do grupo para ocupar interinamente a cadeira de Gleisi. Ao final do encontro, prevaleceu o nome de Humberto Costa como indicado.
Atuais vice-presidentes do partido, José Guimarães e Humberto Costa também tentam se cacifar, dentro do campo majoritário, como candidatos a presidente em julho.
Membros da direção nacional do PT afirmam que, na reunião híbrida desta sexta, Gleisi deverá comunicar oficialmente que deixará o comando da sigla. Na sequência, ela deve dar início às discussões sobre o rito de substituição e anunciar o nome acordado dentro da CNB para substituí-la.
Dirigentes esperam, ainda, que Gleisi Hoffmann leve rapidamente o nome de Humberto Costa à votação dentro do diretório nacional — instância superior à executiva.
Pelo estatuto da sigla, o diretório nacional, que reúne um número ampliado de dirigentes, é responsável por confirmar a escolha do presidente interino.
Quem é o favorito
Horas antes da reunião da executiva nacional, Gleisi Hoffmann se reuniu com José Guimarães, Humberto Costa e membros da CNB para definir o indicado do grupo a presidente-tampão.
Guimarães, que já havia recebido indicativos de apoio de Gleisi, acabou preterido pela decisão do grupo de indicar Humberto Costa para o cargo.
Aliados de Costa acreditam que a sua ascensão ao comando do partido aumente as chances do senador de disputar a presidência do PT em julho.
José Guimarães e Humberto Costa têm enfrentado dificuldades para consolidar os seus nomes dentro CNB.
Internamente, o nome do ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva tem ganhado força para comandar o partido pelos próximos quatro anos.
Mesmo com a estratégia do grupo que defende o nome de Costa, aliados de Edinho Silva afirmam que o ex-prefeito está "tranquilo".
Ele, que não faz parte do atual núcleo dirigente do PT, tem tentado atrair apoios em outras correntes e consolidar a sua candidatura dentro da CNB.
Uma das estratégias adotadas por Edinho é a realização de encontros com militantes do partido em regiões do Brasil. Na noite da próxima quarta-feira (12), ele deve se reunir, por exemplo, com a militância do PT no Distrito Federal.
Novo comando
Bandeira do PT — Foto: Cristiane Mattos/Futura Press/Estadão Conteúdo
O PT se prepara para renovar as direções da sigla em todo o país. As eleições serão diretas — isto é, os filiados poderão votar diretamente para escolher os novos comandantes — e estão marcadas para 6 de julho.
A nível nacional, o ex-prefeito de Araraquara é o favorito para conquistar a presidência do partido.
O presidente nacional eleito tomará posse no encontro nacional do PT, que ocorrerá nos primeiros dias de agosto. O mandato será de quatro anos.
As candidaturas para presidente nacional do PT poderão ser feitas entre 10 de março até 19 de maio de 2025. Para ser considerada apta, a candidatura deverá reunir assinaturas de apoio de pelo menos 1.000 filiados.
Será eleito, em primeiro turno, quem alcançar mais de 50% dos votos válidos. Se nenhum candidato atingir a marca, haverá segundo turno em 20 de julho.