Por Lígia Vieira, Guilherme Mazui, Pedro Henrique Gomes, TV Globo e g1 — Brasília
Nísia afirma que sofreu campanha misógina e inaceitável enquanto esteve na Saúde
A agora ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou nesta segunda-feira (10) que enfrentou uma campanha sistemática de ataques misóginos durante sua gestão à frente da pasta.
A declaração foi feita durante cerimônia no Palácio do Planalto, que marcou a posse do novo ministro, Alexandre Padilha.
"Não posso esquecer que, durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu para desvalorizar meu trabalho, minha capacidade e minha idoneidade. Não é possível e não aceito como natural comportamento político dessa natureza."
Nísia também defendeu a necessidade de mudanças na forma como a política é conduzida no país.
"Podemos e devemos construir uma nova política baseada efetivamente no respeito e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida da população."
A cerimônia também oficializou a nomeação de Gleisi Hoffmann como ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), cargo antes ocupado por Padilha.
Nísia Trindade discursa ao deixar cargo na Saúde — Foto: Reprodução/GloboNews
Saída de Nísia e reforma ministerial
A demissão de Nísia Trindade foi anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no fim de fevereiro, como parte de uma reforma ministerial para ampliar a base do governo no Congresso Nacional.
Nísia, que tem formação acadêmica e presidiu a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre 2017 e 2022, foi escolhida por Lula para a Saúde como um aceno à comunidade científica e em oposição ao negacionismo do governo Jair Bolsonaro.
No entanto, sua gestão foi marcada por dificuldades na articulação política com parlamentares, o que teria pesado na decisão de sua saída. O Ministério da Saúde tem o maior orçamento da Esplanada, e a ministra enfrentou pressões por liberação de recursos e emendas.
A substituição por Alexandre Padilha, que já ocupou o cargo no governo Dilma Rousseff, reforça o movimento de Lula para nomear ministros com maior capacidade de articulação no Congresso.