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Carestia

Lula cogita 'atitude mais drástica' para conter alta dos alimentos; Fávaro descarta intervenção artificial

Presidente também pediu explicações para aumento de preço dos ovos: 'galinha não está cobrando caro'

  • Caio Spechoto e Sofia Aguiar
  • Terra
  • Após o governo anunciar medidas para tentar conter a alta de preços dos alimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 7, que poderá tomar alguma "atitude drástica" se não encontrar uma "solução pacífica". Já o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que uma intervenção artificial nos preços está descartada.

    "O preço do café está muito caro para o consumidor, o preço do ovo está muito caro, o preço do milho está caro. E nós estamos tentando encontrar uma solução. A gente não quer brigar com ninguém, a gente quer encontrar uma solução pacífica. Mas, se a gente não encontrar, a gente vai ter que tomar atitude mais drástica, porque o que interessa é levar a comida barata para a mesa do povo brasileiro", declarou Lula em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Campo do Meio (MG).

    O ministro da Agricultura, por sua vez, rejeitou a possibilidade de o governo federal realizar uma intervenção artificial nos preços dos alimentos para conter a inflação. Ele já havia sinalizado rejeição a medidas heterodoxas para combater a inflação.

    "Nada que seja artificial resolve. O fato é que, apesar da renda da população ter crescido - e ninguém pode negar isso, especialmente nos dois anos do governo do presidente Lula, em que o desemprego caiu muito -, nós estamos quase chegando a pleno emprego, e isso faz com que o aumento do consumo também aconteça", disse Fávaro em entrevista à GloboNews.

    A inflação dos alimentos é um dos assuntos politicamente mais delicados na cúpula do governo e também atrai a atenção do mercado financeiro. Há o receito, no setor privado, de Lula adotar medidas como restrições a exportações de produtos alimentícios feitos no Brasil (o que prejudicaria o setor) ou subsídios a esses gêneros, o que dificultaria a redução da dívida pública.

    A principal ação anunciada até o momento é a isenção de imposto de importação de alguns produtos - medida considerada pouco relevante para frear a inflação no curto prazo, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão.

    Para Fávaro, o aumento do consumo, impulsionado pela queda no desemprego, se dá em um contexto de alta dos preços dos alimentos no mercado mundial, o que afeta a percepção a respeito do poder de compra da população. No entanto, ele acredita que as ações em curso serão fundamentais para frear a alta dos preços. "O governo tem de se preocupar com isso. É óbvio que o governo está tomando medidas, como a redução de impostos, porque se preocupa com os impactos", disse.

    O ministro destacou, ainda, a importância de campanhas publicitárias para informar os consumidores sobre onde os preços estão mais baixos. "Precisamos fazer campanhas publicitárias mostrando onde os produtos estão mais baratos no Brasil. Esse conjunto de ações, somado à super safra, tenho certeza de que resultará em uma diminuição significativa no preço dos alimentos no Brasil", disse.

    'Galinha não está cobrando caro'
    Lula também afirmou que o preço dos ovos está saindo do controle mesmo sem as galinhas estarem pedindo aumento.

    "Eu agora estou preocupado com o preço dos alimentos. Estou muito preocupado, estamos fazendo muito. Ontem foi feita uma reunião no Palácio, com muito ministro, com muito empresário. Já tomamos algumas medidas. Eu quero encontrar uma explicação para o preço do ovo. A galinha não está cobrando caro. Eu não encontrei uma galinha pedindo aumento no ovo. A coitadinha sofre, ainda canta quando põe o ovo, mas o ovo está saindo do controle. Uns dizem que é o calor, outros dizem que é exportação", disse o presidente da República.

    Lula também deu a entender que "atravessadores" são culpados pela alta nos preços. "E ela [comida] pode ser barata pagando um preço justo para o produtor. A gente acha que o produtor também tem direito de ganhar dinheiro. A gente não quer que o produtor tenha prejuízo, a gente quer também que ele ganhe. O que nós precisamos é saber que tem atravessador no meio", declarou o presidente da República.

    "Entre o produtor e o consumidor devem ter muito, muito, muita gente que mete dedo. E nós vamos descobrir quem é o responsável por isso, numa boa", disse Lula. Ele também afirmou que é necessário baratear a carne.

    2025
    O presidente afirmou que o governo tem trabalhado muito para manter a inflação controlada e disse que, em 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) do País irá crescer, assim como o salário mínimo e a distribuição de terras. Segundo Lula, quanto mais ele estiver na rua, melhor para o País, e quanto mais ficar em seu gabinete, pior será.

    "Hoje, temos a inflação controlada. Nós queremos baixar a inflação, porque [com] inflação alta, quem perde é o povo trabalhador", disse. "Estamos cuidando disso."

    Lula comentou o PIB brasileiro de 2024 divulgado hoje, que cresceu 3,4%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Pois foi o Lulinha [voltar ao governo] que [o PIB] voltou a crescer", disse. "Ano que vem, vai crescer mais o PIB, o salário mínimo, a renda, a distribuição de terras, a distribuição de terras para indígenas, vai aumentar mais a produção de emprego", citou.

    O presidente brincou ao final do evento e disse que paga R$ 1 milhão para fazer "todo dia um ato deste". "E não pago um centavo para ficar no meu gabinete", comentou. "Quanto mais eu estiver na rua, melhor para o País; quanto mais eu estiver no gabinete, pior para o País", afirmou. "Daqui para frente, quem quiser encontrar com o Lula, vá para a rua porque vai estar na rua conversando com o povo brasileiro."

     

 

 

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