Por Kevin Lima, g1 — Brasília
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (18) que vai se licenciar do mandato parlamentar para morar nos Estados Unidos, onde está atualmente.
O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que tomou a decisão para, segundo ele, não ser "perseguido" (leia mais aqui).
A colunista Natuza Nery, do g1 e da GloboNews, informa seu blog que Eduardo foi impedido de assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara por decisão de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, seu partido.
Segundo a apuração de Natuza, Valdemar disse a Eduardo no domingo (16) que ele não assumiria a comissão. A decisão deixou o deputado sem discurso político para justificar a perda do cargo, o que teria motivado sua decisão de tirar uma licença e viajar aos Estados Unidos.
Eduardo fez o anúncio numa rede social, uma semana antes do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode tornar seu pai réu por tentativa de golpe de Estado.
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Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), — Foto: Bruno Escolastico/Estadão Conteúdo
O parlamentar disse que o comando da Comissão de Relações Exteriores ficará com o deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara.
“No meu lugar, será nomeado o deputado federal gaúcho Zucco para a comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Ele irá me ajudar institucionalmente a manter essa ponte com o governo Trump e o bom relacionamento com países democráticos e desenvolvidos", disse.
No PL, Eduardo Bolsonaro atua como secretário de relações internacionais. Parlamentares que defendiam a indicação dele para a comissão da Câmara citavam o cargo no partido e a proximidade com aliados do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como argumentos.
A possibilidade de Eduardo Bolsonaro presidir o colegiado foi contestada por parlamentares aliados do governo e abriu uma disputa na Câmara.
Por trás da indicação, estava um pedido feito pelo PT ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Corte apreendesse o passaporte do parlamentar por suposto atentado à soberania nacional.
Para adversários políticos, Eduardo poderia usar a comissão na Câmara como palanque para críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito do golpe e outras investigações.
'Perseguição' e temor de prisão
Na postagem que fez no Instagram, Eduardo Bolsonaro disse que a licença do mandato será temporária para "focar em buscar as justas punições a Alexandre de Moraes e a sua gestapo da Polícia Federal".
O parlamentar, que disse temer ser preso por ordem do STF, não sinalizou por quanto tempo permanecerá fora do país.
"Não irei me acovardar, não irei me submeter ao regime de exceção e aos seus truques sujos. Da mesma forma que assumi o mandato parlamentar para representar minha nação, eu abdico temporariamente dele, para seguir representando esses irmãos de pátria que me incumbiram dessa nobre missão. Irei me licenciar, sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos", afirmou o parlamentar.