Redação Terra
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou durante a visita de Estado ao Japão, que celebra os 130 anos de amizade entre as nações. Em sua fala, Lula enfatizou potencial japonês para contribuir com o desenvolvimento do Brasil, citou o momento político turbulento vivido pelo mundo e lembrou a necessidade de priorizar a sustentabilidade em escala global. A visita conta com comitiva formada por 11 ministros, presidentes do Senado e Câmara dos Deputados, parlamentares e outras autoridades federais, e acontece até esta quinta-feira, 27.
"Assinamos 10 acordos com o governo japonês e outros 80 instrumentos de cooperação foram firmados por entidades subnacionais, universidades, institutos de pesquisa e emprego. Adotamos um plano de ação da parceria estratégica e global com iniciativas concretas para revitalizar nosso intercâmbio", começou Lula, citando também o desejo de cuidar dos 211 mil brasileiros que vivem no Japão como "um tema prioritário" para seu governo.
O presidente destacou que o comércio bilateral de US$ 11 bilhões "não corresponde ao tamanho de nossas economias". "Nossa meta é superar os US$ 17 bilhões registrados em 2011", projetou.
Ainda no tema da economia, Lula disse querer negociar um acordo com o Japão durante a presidência brasileira do Mercosul no próximo semestre. "O Fórum Empresarial realizado nesta manhã ampliou os horizontes para a cooperação com o setor privado", pontuou.
Com o recente aumento no uso de biocombustíveis no transporte e na aviação no Japão, Lula disse estar otimista para que isso abra "espaço para trabalhar juntos pela transição energética". Neste ponto do discurso, o presidente brasileiro destacou o potencial de cooperação entre os dois países com a sustentabilidade. Ele citou a descarbonização como um caminho sem volta e falou sobre o combate ao desmatamento e prevenção de desastres naturais como prioridades.
Na sequência, Lula voltou sua fala para o combate ao "extremismo, o discurso do ódio e as notícias falsas", que o presidente avalia como impeditivos mundiais para a democracia e a cooperação entre nações.
"2025 será um ano chave para o multilateralismo. Precisamos nos unir em torno dos interesses comuns da humanidade e na COP30 em Belém, na Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento, em Sevilha, e na Cultura do G20 em Joanesburgo. E a defesa do multilateralismo será tema central da cúpula dos BRICS, que o Brasil sediará no Rio de Janeiro (...) Nós entendemos que o mundo atravessa uma situação política difícil, uma situação econômica complicada e muita insensibilidade na relação política entre os Estados. (...) Nós estamos vendo os países que simbolizavam a ação democrática sofrendo o risco de destabilização pela função e participação da extrema-direita", prometeu Lula.
Haddad, Motta, Lula e Gleisi durante apresentação do projeto de reforma do IR
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão
Por fim, o presidente prometeu que a viagem ao Japão cria um novo "marco de responsabilidade e de grandeza na relação Japão-Brasil".
"Nós queremos aprender com o Japão e queremos colocar em prática no Brasil todos os avanços científicos e tecnológicos que o Japão obteve nesses últimos anos (...) queremos aumentar o nosso comércio, queremos vender e queremos comprar, queremos fazer parcerias com a indústria japonesa, queremos que o Japão adote, no Brasil, a perspectiva da produção do etanol, do hidrogênio verde e do combustível renovável", continuou.
"Nós temos certeza absoluta de que o Brasil será um país, será quase que o carro-chefe da transição energética neste século XXI. Nós temos um potencial que poucos países do mundo têm e nós queremos contar com a expertise japonesa, com a tecnologia japonesa, com o investimento japonês, para que o Brasil, no século XXI, deixe de ser um país simplesmente emergente ou em via de desenvolvimento e o Brasil se transforme definitivamente num país desenvolvido do ponto de vista tecnológico e científico, num país desenvolvido do ponto de vista da competência, de competitividade da sua indústria e num país desenvolvido do ponto de vista da qualidade de vida do povo brasileiro", concluiu Lula
Visita ao Japão
O presidente Lula, acompanhado da primeira-dama, Janja, deu início na manhã desta terça-feira, 25, à agenda oficial de sua visita ao Japão, ao ser recebido pelo Imperador Naruhito e pela Imperatriz Masako e participar da Cerimônia de Boas-Vindas, no Palácio Imperial, em Tóquio.
Nesta quarta, o dia mais cheio da visita ao Japão, prevê reunião com sindicatos japoneses e participação no Fórum Empresarial Brasil-Japão.
No fim da tarde, Lula se reúne com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, no Palácio Akasaka. Na sequência, ambos participam de Cerimônia de Assinatura de Atos. A visita continua até quinta-feira, 27, quando o presidente parte para Hanói, no Vietnã, para a segunda parte da viagem à Ásia. Esta será a quinta visita de Lula ao Japão e a primeira visita de Estado.
Fonte: Redação Terra