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Cotidiano Segunda-feira, 31 de Março de 2025, 09:59 - A | A

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Marcinho VP

'Se meu pai não tem voz, eu vou fazer música para os presos', declara Oruam em entrevista

Trapper de 24 anos, que é o mais escutado do gênero no Spotify, também falou sobre polêmicas envolvendo o projeto de lei que leva seu nome

Terra

"Eu sou um contestador. Não vim ser só mais um". O polêmico rapper Oruam concedeu entrevista exclusiva ao Domingo Espetacular, da TV Record - essa foi a 1ª entrevista do músico para uma TV - e entre outros assuntos, falou sobre a relação com o pai, Marcinho VP, um dos líderes e fundadores do Comando Vermelho, principal facção criminosa do Rio de Janeiro.

"Dizem que ele é o líder (do Comando Vermelho), na verdade ele nem é. Meu pai foi preso com 19, 20 anos. Foi um ótimo pai, um exemplo de pai para mim. Meu tudo. Tentou esconder a gente o tempo todo da favela, do morro... pra gente olhasse aquilo e não quisesse isso pra gente. Não escolhi o pai que eu tenho, mas se eu pudesse, eu escolheria ele", declarou, fazendo questão de ressaltar também o amor pela mãe. "É a figura da minha vida".

Marcinho foi preso em 1996, cinco anos antes do nascimento de Oruam, por envolvimento em casos de homicídios, formação de quadrilha e tráficos de drogas. Ao todo, a condenação dele é de 44 anos de prisão. O rosto de Marcinho é uma das várias tatuagens no corpo do trapper de 24 anos. Em algumas apresentações, como no Lollapalooza de 2024, o cantor subiu ao palco com uma camiseta pedindo pela liberdade do pai, fato que gerou bastante repercussão. 

"Se meu pai não tem voz, eu vou fazer uma música para os presos, para que eles tenham voz. Nunca vou parar. Se eu parar, eu me vendo. E eu não pretendo", disse.

Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, também tem uma tatuagem com o rosto de Elias Pereira da Silva, conhecido como Elias Maluco, parceiro de Marcinho que foi encontrado morto em um presídio no Paraná em 2020. Ele é considerado um tio para o cantor. Elias foi um dos responsáveis pela morte de Tim Lopes, ao torturar, esquartejar e incinerar o corpo do então jornalista da TV Globo, em 2002, juntamente com comparsas. "Eu olho para o erro dele. E ele está errado, mas eu amo ele. E aí, o que eu faço?", indagou Oruam. 

Aclamado por crianças das comunidades cariocas e próximo de alguns jogadores, o trapper contou que tem 'amigos no mundo todo, em todos os times', e disse que já tocou em festa do jogador Neymar, além de revelar que fala com o atacante holandês Memphis Depay, que atua no Corinthians. "O Brasil é a favela, o funk, o samba, o rap. O Brasil é o povão (...), eu canto a realidade da favela, é por isso que eles se identificam comigo". 

Em relação a Yuri Pereira Gonçalves, foragido da Justiça e que foi encontrado pela polícia na mansão do artista, portando uma pistola 9 mm com kit-rajada e munição, Oruam não demonstrou arrependimento, mesmo que, na ocasião, o músico também tenha sido preso por abrigá-lo. "Não me arrependo porque ele é meu amigo. Ele não é traficante".

Prisão e Lei Anti-Oruam

"Eu ia fazer só um conteúdo, não foi pra dar cavalinho, mas o carro saiu, e aí estava em frente à viatura. Estava com planos pra lançar meu álbum. A polícia levou pra delegacia, saiu que eu estava preso, aproveitei pra lançar o álbum. Não foi nada proposital".

Essa foi a explicação de Oruam ao tratar do dia em que foi detido pela polícia, em fevereiro deste ano, por dar um 'cavalinho de pau' em frente aos agentes que realizavam uma blitz na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. 
O artista, então, foi encaminhado para a 16º Delegacia de Polícia Civil do Rio. De acordo com a PCRJ, Oruam foi autuado em flagrante por direção perigosa. Ele pagou fiança no valor de 40 salários mínimos, equivalente a R$ 60.720,00, e deixou a delegacia. 

No dia seguinte, foi lançado o álbum 'Liberdade', nas plataformas digitais, com 15 músicas. No Spotify, são onze milhões de ouvintes mensais, o que torna Oruam o rapper mais ouvido do Brasil.

A faixa intitulada 'Lei Anti-Oruam' é em referência a um projeto de lei, de autoria de vereadores de São Paulo, que visa proibir que o Executivo municipal contrate shows, artistas e eventos abertos ao público que envolvam, no decorrer da apresentação, expressões de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas. Para o músico, a lei se dá em decorrência da condição de seu pai, bem como a falta de compreensão dos parlamentares sobre a realidade das comunidades. Para ele, falar sobre armas não é apologia. 

"Não tem como eles entenderem a minha realidade, não veio... não passou o que eu passei. Nunca falei pra nenhuma pessoa matar, pra nenhuma pessoa roubar. Eu falar de arma, eles colocam como apologia. E isso vem ao fato de me associarem ao meu pai. E eu sei que esse é um fardo que vou carregar por toda a minha vida".

O trapper, por fim, comentou que a única responsabilidade que mantém é com os próprios fãs, e refletiu. "Enquanto tiver uma criança lá na favela, olhando pro crime e gostando daquilo, está todo mundo perdendo, chefe".

Fonte: Redação Terra

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