Aneri Francisco Andreatto e Deoli Luiz Andreatto, nascidos em Pedras Brancas, Município de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul. Descendentes de uma família de agricultores estudaram no Colégio Agrícola de Frederico-RS, extensão da Universidade Federal de Santa Maria, se formaram como Técnico em Agropecuária.
Ainda jovem e sem experiência, no ano de 1983, por indicação do diretor da escola onde se formou, Aneri vai para Rondonópolis trabalhar em uma cooperativa prestando serviços na região. Tempos depois, se muda para Primavera do Lese e começa a trabalhar como técnico administrador de uma fazenda, num período de um ano e meio.
Percebendo que aqui necessitava de uma empresa que oferecesse aos produtores, produtos diferenciados no ramo de nutrição vegetal, com matérias-primas selecionadas e de alto valor agregado, Aneri e dois colegas, Adilson Frizon e João Gonzatti, abrem em novembro de 1986, a empresa FERTICAMPO, permanecendo juntos por aproximadamente seis anos, depois cada um seguiu seu segmento e ele continuou suas atividades no ramo.
Aneri conta que nesta época também trabalhou na campanha para a emancipação do município. “Eu acompanhei o crescimento da cidade. Inclusive ajudei na campanha para Primavera virar município”, destaca.
Em meados de 1987, é a vez de Doeli, agora recém-formado, buscar experiência profissional fora de sua cidade e também foi para Rondonópolis trabalhar na Secretaria de Agricultura. Posteriormente, veio para Primavera trabalhar como técnico Agrícola na Fazenda IBF, adquirindo mais experiência no ramo. Quando no ano de 1993, ele voltou para a cidade e se tornou sócio de seu irmão na FERTICAMPO.
Ele conta comovido que sempre teve vontade de morar e trabalhar em Primavera do Leste, pois quando ainda estudantes do ensino médio assistiram um documentário sobre a cidade ficando atraído por ela. “Nós assistimos um slide falando sobre a novacidade e nos chamou atenção uma placa falando sobre as futuras instalações de Primavera do Leste”, lembra Doeli.
Segundo Aneri, no começo foi muito difícil, não havia comunicação, para fazer contato com os fornecedores precisava ir até a telefônica e lá ficar por horas fazendo cotações de preços e passar para os clientes. “Havia poucas linhas telefônicas na cidade, uma delas era do senhor Eliseu Huge, popular “Balaio” que nos alugava uma sala comercial na Rua Piracicaba e durante o dia nós usávamos a linha como comercial, à noite através de uma chave, voltava para residencial, até que um dia ele resolveu vender para eles a linha telefônica 498-1188, que continua ativa até hoje”, explica.
Naquele tempo a infraestrutura da cidade era precária, pois era uma cidade iniciante, muitas vezes a energia acabava na quinta-feira e só voltava no domingo à noite, era ligada às 6 horas da manhã e desligado a meia noite. “A saudade de casa era muita e a comunicação era via carta”, afirmam.
Mesmo com toda dificuldade nunca pensaram em retornar. “Viemos de uma família de italianos, ligados a terra, acostumados a lutar, nunca pensamos em desistir, sempre acreditamos. Logo começamos a adquirir as nossas coisas, daí tudo melhorou”, relatam.
O grande sonho deles foi a construção do escritório próprio da empresa na Rua Piracicaba, que mesmo antes de terminarem a obra, alugaram uma parte do prédio para contribuir financeiramente com o término dela. O terreno foi adquirido com a venda de uma linha telefônica, que na época tinha um bom valor, e com o dinheiro, pagaram setenta por cento do terreno. Com o passar do tempo, o local ficou pequeno e foi necessário construir o depósito na RuaRio de Janeiro, onde funciona hoje a sede da FERTICAMPO.
Fazendo uma análise de tudo o que aconteceu com eles desde a chegada à Mato Grosso, especificamente em Primavera do Leste, os irmãos Andreatto descrevem Primavera como parte da história de vida de cada um deles. “Se fosse escrever a história da nossa vida Primavera seria o tema central. Com a experiência e a credibilidade que a gente tem hoje, se necessário fosse eu faria tudo novamente e com certeza vamos continuar participando da história dela”, fala Doeli. “Eu interpreto como coisa de Deus, por ter iluminado na época dois jovens que nunca tinham saído de casa sem saber do que se tratava Mato Grosso e dar certo em uma cidade tão acolhedora. Acredito que Primavera é uma das melhores cidades para se viver”, comenta Aneri.
Eles afirmam que o município oferece oportunidades em abundância, mas é preciso se qualificar, ter vontade, persistência e determinação, principalmente os jovens.
Aneri é casado com Doraci Favarin Andreatto, pai de Jéssica e Gustavo, Doeli é casado com Beatriz Pichek Borges Andreatto, pai de Gabriel.