A discussão sobre o projeto de lei proposto pelo vereador de Cuiabá, Rafael Ranalli (PL), que proíbe o repasse de recursos da Prefeitura às festas do Carnaval até 2028, continua na Câmara de Cuiabá. A proposta, que gerou discussão em plenário, teve sua tramitação adiada após pedido de vista feito pela vereadora Michelly Alencar (UB), nesta terça-feira (22).
Apesar do pedido da vereadora, o debate de ideias ficou entre Ranalli e o vereador Daniel Monteiro (Republicanos). Enquanto o liberal defende a proposta como uma forma de economia para o erário, além de diminuir crimes de oportunidade por alcoolemia que, de acordo com ele, aumentam nas festas de carnaval. Do outro lado, Monteiro afirma que o financiamento do Carnaval de rua é essencial para garantir o lazer da população periférica, e uma forma de fomentar a economia regional, utilizando como exemplo grandes centros que lucram com a festividade, como o Rio de Janeiro.
Ranalli argumenta que a iniciativa estaria alinhada ao posicionamento do prefeito Abilio Brunini (PL). “Ele já postou em redes sociais, que concorda em não colocar dinheiro (no Carnaval).”, e por isso, a aprovação do projeto seria uma forma dos vereadores apoiarem “que não se coloque dinheiro direto da Prefeitura em festa de Carnaval."
A proibição seria para o repasse direto de verbas da prefeitura. "Se alguém quiser usar dinheiro particular, ninguém está impedindo a festa em si, ou que a Prefeitura destine um espaço", explicou.
Para ele, diante das dificuldades financeiras enfrentadas pelo município, é necessário economizar. "Como o nosso município passa por essa dificuldade financeira quebrada a quatro cantos, a todo momento, então nada mais justo. Então vamos fazer uma economia nesse sentido", justificou.
Com o ponto de vista oposto, Daniel Monteiro defende uma visão definida por ele mesmo como mais desenvolvimentista, e menos fiscalista, da gestão pública.
"Eu entendo, esse é um olhar mais fiscalista da gestão pública, que não está errado. Aqui a gente não está falando de matemática em que 2 mais 2 é igual a 4. Mas eu tenho um olhar mais desenvolvimentista. Eu acredito que o Estado tem, sim, um papel importante na economia. O Estado não tem que ser gastador, não tem que ser perdulário, não tem que ser gigantesco. Eu não sou a favor do Estado grande nem pequeno, eu sou a favor do Estado necessário", afirmou.
Para Monteiro, o Carnaval é parte da identidade cultural brasileira e deve ser apoiado pelo Estado. "O Brasil é samba, o Brasil é futebol e o Brasil também é carnaval", disse.
Monteiro defende o direito ao lazer e à felicidade para todos. "Nós temos na nossa Constituição direito ao lazer previsto. Ninguém nasceu para trabalhar e pagar boleto e ponto, acabou. As pessoas têm que ter o direito ao lazer, as pessoas têm que ter o direito à felicidade, as pessoas têm que ter o direito a esses momentos com a família. Portanto, eu defendo, sim, o cofinanciamento por parte do Estado do Carnaval", concluiu.