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Política Quinta-feira, 17 de Abril de 2025, 09:13 - A | A

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Talvez uma suspensão

Aliados de Motta dizem que cassação de Glauber Braga é 'desproporcional'

Planalto age ‘de modo não ostensivo’ para evitar cassação.

Por Elisa ClaveryGuilherme Balza, GloboNews — Brasília

Foto Instargan

 

Aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), avaliam que cassar o mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) "não é proporcional" – principalmente quando se compara o caso do psolista, que expulsou um manifestante a chutes da Casa, com o do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco.

O entendimento da cúpula da Câmara, no entanto, é que "Glauber não se ajuda" e continua "esticando a corda" com os pares.

Líderes da base governista dizem que é preciso encontrar uma solução para o caso já na próxima semana, no retorno da Páscoa. A avaliação é que a situação pode se tornar insustentável do ponto de vista da saúde do parlamentar, que já está em greve de fome há uma semana. 

Suspensão 

Uma possibilidade defendida por alguns líderes, por exemplo, é que a cassação aprovada no Conselho de Ética seja revertida em suspensão de mandato por alguns meses, modificando o relatório do colegiado diretamente no plenário. 

Dessa forma, a punição estaria presente, mas de forma mais equilibrada diante do ocorrido. Além disso, Glauber não se tornaria inelegível por 8 anos, consequência que ocorre quando um parlamentar é cassado. 

Interlocutores do PSOL admitem que o caminho agora será a busca pela suspensão, o que na visão deles “seria menos trágico”. A articulação deve passar por conversas com líderes e parlamentares do Centrão, que tenham influência para levar adiante a mudança.

 
 

Por outro lado, dentro do Centrão há quem fale que a situação é irreversível e que ele deve ser cassado. “Um processo longo, que as atitudes foram de isolamento, não de entendimento”, diz um deputado.

Um importante líder do Centrão diz que, ao longo do processo, Glauber nunca se propôs a dialogar com parlamentares para esclarecer a situação – “ao invés disso, tenta nos constranger”, diz.

Reservadamente, mesmo governistas assumem que Glauber se indispôs com boa parte da Câmara, em especial com o ex-presidente da Casa, Arthur Lira – a quem já chamou publicamente muitas vezes de bandido. Nos bastidores, deputados dizem que Lira tem pressionado por uma punição ao parlamentar, mas que Glauber também não conta com a simpatia de muitos deputados.

 

Parlamentares da base do governo defendem que ele precisa desacelerar o combate belicoso que tem tido lá dentro. Contudo, não acreditam que seria o caso de Glauber pedir desculpas públicas a Lira. Isso, por um lado, humilharia Glauber e, por outro, deixaria claro "o dedo de Lira" nesse processo – algo que nem o ex-presidente da Casa quer.

 

Arthur Lira e Glauber Braga bateram boca mais de uma vez no plenário da Câmara quando Lira ocupava a presidência da casa. — Foto: Reprodução/TV Câmara

Arthur Lira e Glauber Braga bateram boca mais de uma vez no plenário da Câmara quando Lira ocupava a presidência da casa. — Foto: Reprodução/TV Câmara

 

 

Palácio do Planalto

 

Enquanto isso, o Palácio do Planalto também age para evitar a cassação, mas “de modo não ostensivo”. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, escalou líderes do governo e do PT para dialogar com outras lideranças da Casa.

Além disso, nos últimos dias sete ministros visitaram Glauber Braga, que tem dormido em um dos plenários da Câmara. Na lista das visitas, estão, por exemplo, os ministros Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos).

 

Segundo interlocutores do Planalto, o presidente Lula não deve entrar no circuito, mesmo com uma reunião prevista na próxima semana com líderes partidários da Câmara. O entendimento é que o assunto é tema restrito ao Parlamento, não da alçada do presidente.

 

Porém, o tema é tratado dentro do Palácio como algo delicado e incômodo, além de difícil resolução. Para o governo, seria ruim a cassação de um parlamentar de esquerda.

Outro ponto de desgaste é que a suplente de Glauber seria Heloísa Helena (Rede-RJ), que tem histórico de enfrentamento a Lula.

 
 

 

 

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