Kethlyn Moraes
O excesso de chuvas registrado nesta safra tem causado impactos significativos na produção de soja e milho em Mato Grosso. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, os efeitos vão desde o atraso na semeadura até a perda de peso e qualidade dos grãos colhidos.
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“Nós tivemos já um problema na semeadura da soja, que houve um atraso e isso ocasiona também um risco de atraso na semeadura do milho”, explica Beber. Apesar das condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da lavoura, o volume de chuvas intenso tem dificultado a colheita da soja e o plantio do milho.
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a safra de soja deve atingir um recorde de 49 milhões de toneladas, superando a marca recorde de 45,3 milhões, registrada no ano retrasado. Entretanto, o atraso no plantio da soja gerou um efeito cascata na semeadura do milho, impactando o ciclo produtivo do grãol. “Os primeiros 45% semeados de milho tinham um atraso de quase 20 dias”, destaca Beber.
Outro ponto de preocupação é a perda de peso dos grãos devido ao excesso de umidade. “Mesmo com a lavoura se desenvolvendo bem, essas chuvas dificultaram os trabalhos de colheita, dificultaram a semeadura do milho. Numa semana, você chega a perder 15% ou mais de peso na soja, além da qualidade do grão que fica comprometida”, alerta.
Apesar dos desafios, Beber ressalta que o plantio conseguiu acelerar após os primeiros 55% da área semeada, devido à alta capacidade máquina dos produtores. No entanto, ainda restam cerca de 4% da área de milho a ser semeada fora da janela ideal, que seria até 20 de fevereiro ou, no máximo, 1º de março. A previsão climática indica continuidade das chuvas para março, especialmente no norte e médio-norte do estado, o que pode agravar os impactos sobre a produtividade.
"E temos que nos atentar que, diferente da soja, que poliniza com a flor fechada e se autofecunda, o milho precisa de temperatura alta e tempo propício para a fecundação. Se no momento do penuamento do milho, quando sai o cabelinho, tivermos muita chuva, isso pode lavar o pólen e prejudicar a polinização”, explica Beber.