O procurador da República Paulo de Souza Queiroz, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), homologou, por unanimidade, o arquivamento da investigação contra a ex-contadora da Unimed Cuiabá, Maria Gladis dos Santos, acusada inicialmente de envolvimento em fraudes contábeis de R$ 400 milhões praticadas pela gestão da cooperativa entre 2019 e 2023. A decisão, publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (24), reconheceu que ela foi submetida a coação moral irresistível e não havia justa causa para sua persecução penal.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a contadora sofreu constante assédio e pressão psicológica por parte do ex-diretor-presidente, Rubens Carlos de Oliveira Júnior, Ana Paula Parizotto, ex-superintendente administrativo-financeira, e Eroaldo de Oliveira, ex-CEO da Unimed, para impedir de corrigir irregularidades contábeis e a ameaçavam com demissão caso não cumprisse as ordens. A contadora, no entanto, tentou alertar a direção da cooperativa, emitiu pareceres técnicos, enviou e-mails à superintendência e realizou reuniões com o ex-presidente, mas suas manifestações foram ignoradas.
“Ademais, consta dos autos que M.G.S. empreendeu esforços razoáveis junto às instâncias superiores da operadora de saúde para a retificação das incorreções contábeis, mediante emissão de pareceres, envio de e-mails à sua Superintendente e reuniões com o ex-diretor-presidente, ocasiões em que suas preocupações eram comumente ignoradas”, destacou o procurador em seu relatório.
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O caso foi investigado no âmbito de um procedimento instaurado em 2023, que culminou com a denúncia do MPF contra seis ex-administradores e representantes da Unimed Cuiabá. Eles são acusados de manipular informações contábeis apresentadas à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) entre setembro de 2022 e março de 2023, com o objetivo de mascarar a real situação financeira da operadora.
O MPF reconheceu que a atuação de Maria Gladis foi decisiva para a descoberta das fraudes. Ela manifestou sua discordância dos procedimentos em Assembleia Geral da Unimed Cuiabá, realizada em março de 2023, o que levou à reprovação das contas da gestão investigada. Sua colaboração também foi considerada relevante durante a apuração dos fatos.
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