O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta quinta-feira (24/4) que o projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro não terá sua urgência pautada na próxima semana. A decisão veio depois de uma extensa e tumultuada reunião do presidente com líderes partidários na Câmara.
“O Colégio de Líderes discutiu de forma exaustiva, onde todos os líderes presentes, que representam algo em torno de quase 500 parlamentares — alguns líderes estiveram ausentes — e, especificamente sobre o tema da anistia, decidiu-se pelo adiamento da pauta desse requerimento de urgência”, disse Motta.
✅ Clique aqui para seguir o canal do CliqueF5 no WhatsApp
Segundo o presidente da Casa, isso não significa que os líderes não seguirão dialogando para uma solução para o tema. “Nós seguiremos conversando, principalmente também com os partidos que estão defendendo a pauta, ou seja, os partidos que fazem oposição, o PL, que aqui defenderam a inclusão com muita força e de maneira legítima para que a Casa possa encontrar uma saída para esse tema”, destacou.
Hugo Motta relembrou, também, que o poder de pauta é do presidente, mas que prometeu em sua campanha decidir tudo com “diálogo”, “serenidade” e “equilíbrio”.
Garantiu que no caso da anistia, que ele classificou como um tema difícil e sensível, não será diferente. Disse, ainda, que disposição de partidos contra a anistia de discutir o assunto sinaliza uma luz no fim do túnel para o assunto.
“Ninguém aqui está concordando com penas exageradas que algumas pessoas receberam. Nenhum líder aqui está a favor de nenhuma injustiça, por mais que a sua condição partidária o limite na defesa, mas eu pude escutar com muita atenção as falas de todos eles, do menor ao maior partido, então há esse sentimento de convergência”, apontou.
Oposição reage
O líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), anunciou que o grupo vai entrar em obstrução novamente na Casa até que a data da votação da urgência da anistia esteja marcada. Segundo o parlamentar, quando a oposição tentou convencer os líderes a apoiar a anistia, foi o próprio Motta quem sugeriu que o grupo colhesse assinaturas individuais para apresentar o pedido de urgência.
“O que aconteceu aqui hoje, na minha visão, foi um grande desrespeito para com a Câmara Federal. No momento que tu tens 264 assinaturas, caracterizando a maioria, e se muda a estratégia, imputando aos líderes essa responsabilidade, logicamente nota-se que forças adversas atuaram e que mais uma vez vamos empurrar para a frente uma pauta necessária”, pontuou Zucco.
“Eu não vejo possibilidade alguma de a Câmara Federal não pautar a anistia. Não há essa possibilidade. Nós temos o maior partido, temos a oposição e nós temos a sociedade, que quer virar a página. Nós precisamos pautar a anistia”, observou o parlamentar.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Embora a oposição negue que anistia beneficiará o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Zucco disse que a indefinição sobre o assunto também o afeta. Argumentou que a piora no quadro de saúde de Bolsonaro, que está internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) depois de uma cirurgia, se deu depois de o ex-chefe do Executivo ser notificado por uma oficial de Justiça a mando do Supremo Tribunal Federal.