Por Alexander Freund
G1
Entre os 20 países com as populações mais altas do mundo, quase todos estão na Europa. Mas os habitantes da Ásia, América Latina e África também estão ficando mais altos. Em outras regiões, como nos Estados Unidos, o tamanho da população está praticamente estagnado.
➡️ E os homens estão crescendo mais: a diferença média de altura deles em relação à das mulheres é muito maior hoje do que há um século, e segue aumentando.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 135 mil pessoas de 69 países com suas respectivas condições de vida foram comparados por pesquisadores para um estudo, e os resultados, publicados em janeiro na revista científica Biology Letters.
➡️ A análise indica que a altura e o peso dos homens aumentaram duas vezes mais rápido do que as das mulheres no último século, especialmente em regiões mais prósperas. O aumento de tamanho está relacionado a melhores condições de vida, bom atendimento médico e uma melhor alimentação. Em países mais carentes, ambos os sexos seguem menores e com pouca diferença de altura.
Quanto mais rico, mais alto?
⬆️ A população da Holanda é mais alta do mundo: os holandeses medem em média 1,83m, e as holandesas, 1,70m.
⬇️ Os homens mais baixos vivem no Timor Leste, com 1,60m de altura em média. Já as guatemaltecas são menores mulheres do mundo, com média de 1,50m.
O Brasil figura na 70ª posição entre as mulheres, com uma média de 1,62m de altura, e na 64ª entre os homens, com média de 1,75m.
Há uma hipótese que considera que quanto mais rico for um país e quanto melhor for a assistência médica, mais alta será sua população. Mas ela não é totalmente verdade. A altura média menor de países ricos, como Cingapura ou Catar, mostra que há outros fatores que influenciam o crescimento, além de questões econômicas ou médicas.
Fatores ambientais, como dieta e padrão de vida, são responsáveis por somente 20% da variabilidade. A genética determina cerca de 80% do crescimento, ou seja, a altura média dos pais é uma boa referência para o tamanho dos filhos.
Certos genes, inclusive um no cromossomo Y, prolongam a fase de crescimento dos ossos nos homens. Mas, basicamente, não existem "genes de altura" únicos. Até 12 mil variantes influenciam a estatura. Eles regulam processos como o crescimento do esqueleto, mecanismos de formação de ossos e cartilagens, além da produção de colágeno, proteína que serve como estrutura de suporte para o tecido humano.
➡️ Além das razões genéticas, as diferenças hormonais também determinam o processo. As meninas passam pela puberdade mais cedo, o que interrompe o crescimento mais cedo. Os meninos, por outro lado, têm mais tempo para crescer.
De acordo com o estudo, a "seleção sexual", ou seja, a competição entre os sexos, também desempenha um papel central. As mulheres tendem a preferir homens mais altos, pois a altura é frequentemente associada à força, vitalidade e proteção. Ao longo das gerações, isso fez com que os homens mais altos conseguissem transmitir seus genes com mais frequência.
Homens se beneficiam de melhores cuidados
Em muitas partes do mundo, meninas e mulheres se alimentam pior do que meninos e homens, o que pode afetar o potencial de crescimento. No entanto, mesmo em condições ideais, as mulheres não necessariamente ficam mais altas.
➡️ De acordo com o estudo, melhores condições de vida parecem ter mais efeito no quesito crescimento sobre os homens do que as mulheres. É possível que o corpo masculino utilize adicionalmente de maneira mais intensa alimentos ricos em energia para o crescimento. Isso torna o corpo maior e mais forte.
Esse mesmo efeito não é tão marcante nas mulheres. De acordo com o estudo, a razão evolutiva para isso pode ser o fato de o corpo feminino despender significativamente mais energia em gestações e períodos de amamentação do que no crescimento.
Mas o tamanho também tem desvantagens evolutivas, pois homens mais altos sofrem com mais frequência de dores nas costas, adoecem mais e têm um risco maior de câncer.