Você já reparou que está sempre com pressa? Que a internet está lenta? Que o trânsito não flui? Que a fila não anda? Que o sistema está lento e isso o deixa muito impaciente? Que tem tanta coisa para fazer e não sabe nem por onde começar? Que quase nunca tem tempo? Que se irrita muito quando alguém o interrompe? Que com frequência está atrasado com seus compromissos? Que o dia deveria ter pelo menos 30 horas? Que não tem paciência para ler um texto longo e já desiste? Que tem dificuldade para fazer uma coisa somente e se focar nela? Que não consegue conversar com alguém sem estar bisbilhotando o celular? Que tem dificuldades para comer devagar e mastigar bem? Que tem inúmeros projetos idealizados e poucos concretizados? Que tem dificuldade para se concentrar? Que vem apresentando problemas de memória? Que não tem tempo para fazer atividade física?
O que é que está acontecendo com a gente? Por que precisamos correr tanto? Pra onde vamos com esta pressa toda, com esta agonia, antecipando o calendário, querendo adivinhar o amanhã, buscando sem trégua a coisa nova, o que vai acontecer, o que virá. Há um frenesi no ar que provoca a correria, e também não há explicação lógica que justifique por que corremos tanto. No dia a dia, com o calendário e com a vida. Por quê? Para quê? Corremos sem saber....
O sítio do seu Luiz
Seu Luiz acorda às 05:00 hs, faz fogo no fogão a lenha, espera pacientemente esquentar a água e faz o chimarrão. Toma uma chaleira cheia com a sua esposa enquanto contempla o nascer do sol. Depois, tira leite da vaquinha, trata os porcos e as galinhas. Enquanto isso, a Dona Neuza já preparou o café que é servido para toda a família na mesa. Seu Luiz pega a enxada e vai para a lavoura enquanto os filhos já sabem dos seus compromissos. Dona Neuza escolhe uma galinha, mata, depena e a prepara para o almoço. Colhe na horta os legumes e verduras e, no quintal, as laranjas para o suco. Almoçam todos juntos. Não tem TV, nem energia elétrica. Depois da soneca, novamente todos vão para a lida. Ao cair da tarde, todos retornam para casa. Reúnem-se ao redor do fogão para o jantar e depois caminham 5 km para visitar um parente. Conversam por horas para saber das novidades e depois retornam para casa para, no dia seguinte, começar tudo de novo. Conversam calmamente, falam baixo, são muito pacientes.
É muito paradoxal...
Ganhamos tanta agilidade, praticidade, facilidade, rapidez.... Temos instantaneamente quase tudo que queremos! Se tivermos fome não precisamos mais matar o frango, fazer o fogo e prepara-lo. Basta tirar o frango congelado e já temperado do freezer, colocar no micro-ondas e em minutos já temos uma refeição. Se quisermos falar com alguém do outro lado do mundo, basta um toque no celular. O avião encurtou distâncias. Não precisamos mais ir ao banco, fazemos tudo pela internet....
Enfim, com tudo isso, ganhamos muito tempo. É isso mesmo, ganhamos tempo. E o engraçado é que “tempo” é justamente o que menos temos. Onde ele foi parar?
Alguém pode me explicar: como é que perdemos aquilo que mais ganhamos? TEMPO!