Conforme Santos (2007) o ser humano vive em uma espécie de adormecimento onde a saúde é sentida como o silêncio dos órgãos. Quando há o despertar deste corpo com a doença, o sujeito reage com angústia e depara-se com um contexto que vivencia como insuportável.
Desta forma, para Resende, Santos, Souza & Marques (2007), o indivíduo com insuficiência renal (IR) vivencia uma brusca mudança em seu viver. Ele passa a conviver com limitações, com um pensar na morte e com tratamentos dolorosos. O tratamento dialítico é responsável por um cotidiano restrito onde suas atividades são limitadas após o início do mesmo e favorecem o sedentarismo e a deficiência funcional, além de outros fatores que refletem na vida diária do paciente.
Conforme Castro (2005), o psicólogo como profissional da saúde tem um papel essencial junto às pessoas doentes para ajudar a melhorar seu bem-estar e sua qualidade de vida. Almeida (2003) complementa dizendo que a saúde mental se constitui em um elemento crucial para o sucesso do processo de tratamento do paciente nefropata.
O paciente renal crônico passa por diversas situações de perda, medo e carência que tornam necessária a intervenção do psicólogo. Esse paciente apresenta uma descompensação emocional variada. Suas dificuldades, que surgem no decorrer da doença, necessitam ser abordadas de modo bastante cuidadoso, levando-se em consideração as características pessoais de cada paciente (Silva et al, 1993).
A abordagem psicoterápica é desafiadora entre os pacientes renais crônicos e isso se deve a autonomia comprometida, ao estresse contínuo a que são submetidos e, às vezes, a déficits cognitivos. Sessões breves que coincidam com os dias em que se submetem à hemodiálise podem ser bastante eficazes. (Garcia & Zimmerman, 2006). Percebe-se que a relação terapêutica contínua com o psicólogo é de grande valor, pois proporciona ao paciente formas para a expressão de seus sentimentos, medos e angústias (Silva et al, 1993).
Para Garcia, Souza, & Holanda (2005), os pacientes apresentam um sofrimento psíquico sobreposto ao sofrimento físico sendo necessário, então, entendê-lo na sua totalidade, num contexto de mal-estar, de sequelas de tratamento e de hospitalização.
Thomas & Alchieri (2005) complementam referindo que reações negativas imediatas ao processo terapêutico podem ser uma forma de resposta adaptativa frente a estes sentimentos de insegurança e perdas ocasionadas pelo início do tratamento.
Assim, a função do psicólogo dentro de uma unidade de hemodiálise abrange vários níveis, como a relação entre paciente e unidade de diálise, a relação entre equipe e paciente, a relação entre pacientes, seu tratamento e doença, relação entre paciente, família e equipe, etc. Para um trabalho eficaz é necessária uma interação destes vários níveis. Assim, o psicólogo que atua dentro de uma unidade de hemodiálise, atendendo pacientes com insuficiência renal crônica (IRC), contribui com seu conhecimento específico e auxilia os pacientes com questões emocionais presentes na descoberta da doença e tratamento, além de propiciar aos demais profissionais uma atuação mais condizente com a proposta de atendimento ao paciente nefropata, que é possibilitar uma melhora na sua qualidade de vida. (Zaborowski & Herzog, 1989).
Beatriz Rufato
Psicóloga