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Ozempic

Anvisa torna obrigatória a retenção de receita para compra de canetas emagrecedoras

Drogas prometem a perda de até 17% da massa corporal em um ano, mas também têm sido procuradas por pessoas que querem emagrecer rápido, sem indicação para o tratamento com a substância, o que pode trazer riscos à saúde.

 
 
 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu nesta quarta-feira (16) que será obrigatória a retenção de receita médica para venda de medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda e similares, que são usados para o emagrecimento.

Atualmente, esta categoria de medicamentos classificada com a tarja vermelha só deveria ser comercializada com a apresentação da receita. Na prática, é comum que ela não seja exigida e, por isso, clientes sem o documento conseguem comprar os medicamentos. 

A decisão foi tomada pela Anvisa depois da divulgação de uma carta pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na qual os médicos defendiam a necessidade de um maior controle na prescrição desse tipo de medicamentos. 

Em seus votos, os diretores da agência destacaram que existe a necessidade de proteger a população do uso irracional desses medicamentos que foram desenvolvidos para diabetes, mas acabaram sendo também indicados para a obesidade.

"O mercado não conseguiu dispor de meios para mitigar o uso irracional desses produtos frente a manifestações médicas recebidas", afirmou o diretor Daniel Pereira em seu voto. 

Obesidade, desafio de saúde global 

Atualmente, mais de um bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo. No Brasil, 56% dos adultos têm obesidade ou sobrepeso. O problema é um desafio de saúde global e há poucas opções farmacológicas para ele.

A doença é multifatorial e envolve questões genéticas, sociais, culturais, econômicas e ambientais. A obesidade está associada a complicações como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doença hepática gordurosa não alcoólica e reduz a expectativa de vida.

Estudos recentes mostram que a perda de peso com medicamentos está se aproximando de magnitudes próximas àquelas alcançadas com a cirurgia bariátrica.  

O que é e como funcionam os inibidores de apetite? 

Medicamentos desenvolvidos para diabetes acabaram sendo também indicados para a obesidade. Ozempic e Wegovy, por exemplo, têm como princípio ativo a semaglutida. Há ainda a substância liraglutida, usada nos medicamentes Victoza e Saxenda.

 

As drogas prometem a perda de até 17% da massa corporal em um ano, mas também têm sido procuradas por pessoas que querem emagrecer rápido, sem indicação para o tratamento com a substância, o que pode trazer riscos à saúde.

A semaglutida é uma substância que substitui a ação de um hormônio chamado GLP1, produzido naturalmente no intestino.

Ela atua nas seguintes regiões do organismo: 

  • hipotálamo, responsável por controlar a saciedade;
  • no fígado, reduz a produção de glicose;
  • e no pâncreas, estimula a produção de insulina. 

Na prática, isso faz com que a pessoa se sinta mais satisfeita, o que pode levar a uma redução de 30% a 40% do consumo de calorias, dependendo da dosagem. Há ainda medicamentos para tratar obesidade e diabetes a base de liraglutida, caso de marcas como Saxenda e Vitosa. 

A importância do acompanhamento médico durante o tratamento 

Médicos ouvidos pelo g1 já destacaram a importância do acompanhamento nutricional e médico durante o uso de inibidores de apetite, assim como a orientação de consumo de proteínas numa quantidade adequada durante o uso desses medicamentos.

A diretora da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), Cynthia Valério, informa que o consumo adequado de proteínas garante que a perda de peso seja mais sustentável no longo prazo. 

“O uso recreativo ou estético das medicações - pessoas que fazem reduções drásticas e bruscas do aporte de proteínas e que muitas vezes são sedentárias – gera um impacto na composição corporal pode ser até catastrófico. As pessoas ficam realmente desnutridas, com uma perda de massa muscular importante”, alerta a médica. 

Quem não pode usar? 

  • As canetas são contraindicadas para pessoas que têm alergia a qualquer componente do medicamento.
  • Pacientes com histórico de pancreatite.
  • Se a pessoa ou alguém da família teve ou tem um tipo de câncer de tireoide chamado carcinoma medular de tireoide (CMT) também é contraindicado.
  • E claro, ele não é indicado para grávidas e lactantes. 

Quais os efeitos colaterais? 

As canetas podem causar efeitos colaterais, principalmente, no sistema gastrointestinal. Náusea e vômito estão entre os mais comuns. Até por isso, muita gente acredita que a perda de peso esteja relacionada a esses eventos.

Outros possíveis efeitos colaterais são: 

  • Diarreia;
  • Constipação;
  • Inflamação do estômago (gastrite);
  • Refluxo ou azia;
  • Dor abdominal;
  • Dor de cabeça;
  • Sensação de fraqueza e cansaço;
  • Indigestão;
  • Flatulência;
  • Gastroenterite;
  • Doença do refluxo gastresofágico; e
  • Cálculo biliar. 

Segundo a Novo Nordisk, fabricante dos remédios à base de semaglutida, a maioria dos eventos tem gravidade leve a moderada e acontece de forma transitória, ou seja, dura dias ou poucas semanas).

 

•Riscos no pâncreas: A bula das canetas alerta para um efeito colateral grave, mas incomum: a pancreatite. Segundo o documento, pode afetar até 1 em 100 pessoas. Segundo Cynthia Valério, endocrinologista e diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), os medicamentos não causam a pancreatite, mas, se o paciente tiver histórico, ele não deve usar as canetas.

Em entrevista ao podcast O Assunto, a nutricionista Sophie Deram alertou que o uso indevido dos medicamentos pode, inclusive, causar o reganho de peso e até mesmo desencadear comportamentos compulsivos. 

 
 

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