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Reforma: gol de desafogo!

Uma pergunta que não quer calar: será que essa gente está de fato preocupada com possíveis "erros" da Presidenta na reforma? Ou está preocupa exatamente pelo fato da Presidenta ter acertado

MIRANDA MUNIZ


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Miranda Muniz

 



 “Dilma entrega os pontos” – (editorial do Estadão). “Dilma está se deixando levar, e vai também por passos próprios, para muito perto de humilhações” – (Josias de Souza, colunista da Folha de São Paulo). “Reforma ministerial ou arrastão” – Blog do Noblat (O Globo). “[A reforma] está tendo como resultado a desqualificação ainda maior de um governo muito pouco qualificado" – (Aécio Neves candidato derrotado em 2014). “Sob o conselho de Lula, reforma ministerial de Dilma vira ameaça à nação” – (Joice Hasselmann/ Colunista da Revista Veja).



Ante o recrudescimento da crise econômica mundial e da crise política em curso no país, catapultada por setores da oposição ressentida e inconformada com a derrota em 2014, a presidenta Dilma anunciou uma “reforma administrativa-ministerial”, com trocas de ministros e diminuição da estrutura administrativa, inclusive com redução de seu próprio salário, do vice e dos ministros em 10%.


 


Dois objetivos são perseguidos: diminuição dos gastos públicos e recomposição da base política no Congresso Nacional para garantir a governabilidade e barrar as tentativas golpistas.



Pelas manchetes colecionadas no início deste artigo, percebe-se que os meios de comunicação hegemônicos, um dos promotores do “cerco” à Presidenta, e a oposição desaprovaram por completo a iniciativa de Dilma Rousseff.


 


Uma pergunta que não quer calar: será que essa gente está de fato preocupada com possíveis "erros" da Presidenta na reforma? Ou está preocupa exatamente pelo fato da Presidenta ter acertado em procurar reforçar sua base no Congresso e assim colocar um freio nas tentativas golpistas?



Eu, cá com meus botões, fico com a segunda hipótese.


 


É claro que a reforma trouxe desconfortos pontuais. O PCdoB, por exemplo, foi desalojado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e passou a ocupar o Ministério da Defesa. Em minha opinião, perdemos espaços políticos.


 


Entretanto, o fato de um comunista ocupar a pasta da Defesa e “comandar” as Forças Armadas, não deixa de ter um simbolismo, algo impensável nos idos do final dos anos 70, fase decadente da Ditadura Militar, quando decidi filiar ao Partido.


 


Além disso, é um ministério estratégico e o “craque” Aldo Rebelo tem excelente trânsito nessa área, pela sua visão de geopolítica e sua defesa histórica do fortalecimento das Forças Armadas.


 


A saída de Arthur Chioro da pasta da Saúde, um profissional exemplar e comprometido com a saúde pública e com o SUS, certamente trouxe frustrações.



Mas tudo isso são situações que deve ser analisadas a partir de uma visão global, levando-se em conta a “floresta” e não a “árvore”, que, em última instância, é determinada pela correlação de forças e pelos desafios concretos de um dado momento conjuntural.



Por outro lado, se a mídia hegemônica (que tem “emparedado” a Presidenta) e a “oposição” estão condenando a “reforma”, é sinal mais claro que a Presidenta mais acertou do que errou.



O principal acerto, no meu ponto de vista, foi “reconciliar” com o PMDB, partido de grande força e que possui as presidências da Câmara e do Senado e bancadas numerosas.



Com esse movimento, a Presidenta recompõe a maioria no parlamento. Já do ponto de vista político, afasta o PMDB do canto de sereia dos setores golpistas que, de certa forma, vinha quase seduzindo o próprio vice Michel Temer. Alguns, mais afoitos, até lhe referia como o “nosso futuro Presidente!”.



Agora é aproveitar o “refresco”, fazer a “travessia” necessária e retomar o rumo do desenvolvimento, com a redução da taxa de juros, controle do câmbio e da inflação, recuperação dos empregos e adoção de medidas para o peso da crise deixar e recair sobre os trabalhadores e trabalhadoras e direcioná-la aos ricaços.


 


Um gol de desafogo da Presidenta, numa partida acirradíssima e que ainda não chegou nem aos 20 minutos do primeiro tempo!


 


*MIRANDA MUNIZ é agrônomo, bacharel em direito, oficial de justiça-avaliador federal, dirigente da CTB/MT e do PCdoB-MT.


 


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