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NOTÍCIAS Quarta-feira, 28 de Junho de 2017, 07:00 - A | A

Quarta-feira, 28 de Junho de 2017, 07h:00 - A | A

ARTIGO

O desemprego é apenas um dado estatístico? Aspectos que os números não revelam

Paulo Silva; Janaína Szpakowski; Elisângela Lopes

A cada manhã ou a cada momento do dia, quando nos atualizamos no smartphone, ligamos a televisão, passamos a vista em um jornal ou folheamos uma revista quase sempre nos deparamos com alguma notícia que nos apresenta dados estatísticos sobre o enorme número de pessoas desempregadas no Brasil. Neste sentido, apresento alguns destes dados somente para melhor compreensão e esclarecimento sobre as consequências do desemprego, não apenas na perspectiva dos números estatísticos, mas com vistas a entender que por trás de cada dado apresentado tem um ser humano com todas as suas implicações emocionais, familiares, sociais, etc.

Esta situação se torna muito preocupante se considerarmos os dados apresentados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em pesquisa recente sobre o desemprego no mundo, onde informa no seu relatório que a taxa deverá subir de 5,7% em 2016 para 5,8% em 2017, representado uma elevação de 3,4 milhões no número de pessoas desempregadas. Isto significa que no total, serão 201,1 milhões de pessoas desempregadas no mundo neste ano.

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Para os trabalhadores brasileiros essa realidade se revela ainda mais perversa se considerarmos que o mesmo relatório aponta para uma tendência de que a cada três novos desempregados no mundo em 2017, um será brasileiro. Para traduzir em números reais esses dados, “a OIT estima que o Brasil terá 1,2 milhão de desempregados a mais na comparação com 2016, passando de um total de 12,4 milhões para 13,6 milhões, e chegará a 13,8 milhões em 2018”.

Os dados apresentados dimensionam a gravidade da situação enfrentada pelos trabalhadores no mundo e mostram que a realidade brasileira está muito acima daquela que pode ser considerada razoável de acordo com os organismos internacionais.

Vejamos como Marx, compreende o trabalho no sistema de produção capitalista, como é o caso da sociedade brasileira:

Como atividade que visa, de uma forma ou de outra, à apropriação do que é natural, o trabalho é condição natural da existência humana, uma condição do metabolismo entre homem e natureza, independentemente de qualquer forma social. Ao contrário, trabalho que põe valor de troca, é uma forma especificamente social do trabalho. (MARX, 1974, p.148).

Partindo do entendimento de que o trabalho é condição natural da existência humana, como pode uma pessoa que tem como fonte de sobrevivência a sua força de trabalho assegurar a sua condição de vida estando privada da possibilidade de trabalhar? A resposta a essa pergunta, pode parecer óbvia, pois associada à falta de trabalho, está a diminuição de renda e, como consequência, a incapacidade da pessoa humana de honrar seus compromissos, entre eles, o de se sustentar e o de prover a sua família.

Não obstante, o desemprego provoca diversas situações negativas que podem ser tanto das condições de inadimplentes como em situações mais extremadas, o descontrole emocional, psicológico ou de stress que podem trazer consequências graves, afetando não apenas os sujeitos que estão desempregados, mas, a todos os que fazem parte do seu convívio mais próximo.

Diante dessa realidade que se apresenta, a maior preocupação que me ocorre está relacionada com o estado de inércia, de uma sociedade que aparenta aceitar esta situação sem muita mobilização contrária, que em momentos de crise se faz ainda mais necessária para a resistência, à manutenção de direitos conquistados e à transformação social.  Estamos assistindo as políticas sociais serem desmanteladas uma após a outra e, com algumas exceções, permanecemos numa espécie de calmaria, como se tudo estivesse dentro da normalidade da vida.

Para finalizar, deixo aqui alguns questionamentos sobre os quais creio que vale a pena refletir: será que a massa de trabalhadores ainda encontrará forças para assumir o protagonismo diante das atrocidades que estão sendo propostas nas reformas trabalhistas? Os sindicatos que representam as mais diversas categorias estão agindo com a força necessária nesse momento que requer uma caminhada mais firme em defesa de nós, trabalhadores?

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Paulo Sérgio 29/06/2017

Um dos objetivos desse texto é justamente chamar a atenção para passividade como muitos de nós, trabalhadores estamos aceitando todas as mudanças descabidas sobre os nossos direitos conquistados através de muita luta. Não ao retrocesso!!! A utopia já é realidade, mas precisa avançar!!!

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Maroleuza 28/06/2017

Parabenizo os autores por trazer a tona este assunto pouco debatido hoje pelos interessados - os trabalhadores! Em relação aos Sindicatos posso dizer que enquanto filiada ao SINTEP/MT, temos trabalhado incessantemente para que as Reformas mirabolantes aí colocadas não sejam aprovadas, infelizmente muitas pessoas misturam nossas ações com política partidária e perde a oportunidade de fazer o debate dos desmonte dos direitos trabalhistas que estão ocorrendo neste momento no Brasil!Realizamos ontem 27/06 aqui em Primavera do Leste a Jornada pelo MT de debates das Reformas Trabalhista, Previdenciária, Ensino Médio e Terceirização do trabalho. Foi um sucesso! Avante! Estamos fazendo nossa parte e não percamos a esperança!! !

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2 comentários

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