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Quinta-feira, 19 de Abril de 2018, 13h:50 - A | A

SOFRIMENTO

'Difícil e dolorido', dizem pais de bebê trocado na maternidade após 'destroca'

Os pais dizem que ainda não conseguiram se desvencilhar do outro bebê que cuidaram por quase um ano.

G1 MT

A vida de um casal de Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá, mudou completamente com a comprovação de que o filho que criavam há quase 11 meses tinha sido trocado na maternidade. Há dois dias, os bebês foram destrocados e estão com as famílias biológicas.

Afonso Souza Vieira, de 30 anos, e Erivânia da Silva Santos, de 24 anos, dizem que a troca foi muito difícil. A troca do bebê deles com outro casal que mora no município ocorreu em maio de 2017 no Hospital Regional de Alta Floresta.

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Bebês foram trocados na maternidade e 'destrocados'  após quase 11 meses com determinação da Justiça (Foto: Arquivo pessoal)

Os exames de DNA comprovaram a troca de bebês. Durante audiência de conciliação, na 3ª Vara Cível do município, as famílias dos meninos concordaram em desfazer a troca.

O caso parou na Justiça depois que uma das mães suspeitou da troca e fez DNA com material genético dela e da criança da qual ela pensava ser mãe biológica. Ela divulgou uma mensagem numa rede social depois do resultado apontar que ela não era mãe do menino.

Erivânia e Afonso moram no Bairro Cidade Alta, que fica do outro lado da região da cidade onde agora mora o filho que eles acharam que era o deles. Além da saudade, quase 9 km separaram as famílias e os bebês. A outra família vive no Bairro Parque dos Oitis. Uma rodovia divide os dois lados da cidade.

“Não está sendo fácil. Achei que ia superar a ausência dele. Já chorei muito e está me machucando”, disse Afonso.

Ainda abalados com a troca, os pais dizem que ainda não conseguiram se desvencilhar do outro bebê que cuidaram por quase um ano. O cheiro, os traços e a presença da outra criança ainda estão na casa, segundo eles.

“É um amor incondicional. Foram 10 meses com a gente, chorando, beijando e cheirando ele. A ausência não está fácil. Nos apegamos muito no outro bebê. Ainda não tem amor envolvido como tinha no outro”, declarou o pai.

Os pais dizem que eles e o outro casal concordaram em tentar não manter uma convivência, por enquanto, para que as famílias possam se adaptar aos ‘novos’ filhos.

Erivânia da Silva Santos segura o filho biológico após a destroca em Alta Floresta (Foto: Arquivo pessoal)

“Vai ser melhor para eles se desvincularem. Amanhã eles completam 11 meses de vida”, afirmou Afonso.

Mãe

Outra personagem que sofre com a destroca é a mãe do bebê, Erivânia, que ainda amamentava o bebê que foi levado.

“Está sendo muito difícil, não tem um minuto que eu não choro. Parece que tiraram um pedaço de mim”, lamentou.

Segundo Erivânia, somente nesta quinta-feira (19) a criança veio a chorar. Ela acredita que é o começo da saudade da outra mãe.

“Ele [o bebê que foi trocado] ainda mamava no peito. É muita lembrança. O bebê [filho biológico] é bonzinho, só quer ficar comigo, mas acho que sente saudade dela [da outra mãe]”, comentou Erivânia.

A descoberta

Após o resultado do exame de DNA, a dona de casa Francielli Monteiro Garcia fez um desabafo em uma rede social sobre a possibilidade da troca dos bebês, em fevereiro deste ano.

Na página dela no Facebook, Francielli contou que logo depois de dar à luz, precisou ser levada para o centro cirúrgico devido a complicações no parto. Ela disse não ter visto o rosto do filho logo após o parto.

Na sala ao lado, outra mãe também dava à luz um menino.

Quando retornou para casa, Francielli percebeu no primeiro banho no bebê que o nome que constava na pulseirinha era de outra pessoa e chegou a questionar o hospital, mas foi informada que não havia possibilidade de engano.

Meses depois, em uma visita ao posto de saúde da cidade, Francielli encontrou Erivânia da Silva Santos, que também estava com o filho no colo. Ela disse ter ficado em choque ao reconhecer traços da família dela no bebê que Erivânia carregava.

Os traços eram parecidos com o do marido dela. Durante uma conversa, elas perceberam que os bebês poderiam ter sido trocados na maternidade no dia em que nasceram.

Ela contou que ficou ainda mais angustiada ao perguntar o nome da mulher e reconhecer que era o nome que estava na pulseirinha no filho no dia em que deu o primeiro banho nele.

A partir daí, ela buscou confirmar a suspeita de que as crianças pudessem ter sido trocadas na maternidade. Suspeita que se confirmou após exames de DNA.

Uma das famílias buscou apoio na Defensoria Pública para tentar resolver a situação. A convivência entre as famílias já estava sendo estabelecida por iniciativa das próprias mães.

 

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