É sexta-feira. O dia está um pouco nublado e muito cinza. Sinto um vazio e uma dor profunda e palpitante.
Olho para o céu, para ver se a chuva que está em mim também vai fazer parte da natureza. E descubro que não. Hoje, só eu serei a chuva.
Deito, rolo na cama, penso, e a dor continua. A minha cama é um abismo. O marasmo não quer me deixar.
Refugio-me em uma poesia, mas nem Clarice Lispector quer me dar otimismo. Recorro a Chico Buarque, mas só consigo ouvir Caetano dizendo "estou triste, muito triste. O lugar mais frio do rio é o meu quarto".
Será que estou em um dia em que a teoria de Freud faz sentido? Segundo ele, os conflitos fazem parte do desenvolvimento humano. Ou é melhor acreditar que quando a cabeça dá problema só os mutantes sobreviverão?
Mas acho que prefiro acreditar na minha própria teoria.
Tristeza não é sinônimo de infelicidade e sim, uma forma das dores cicatrizarem, para assim, voltar a cantar: "canta, canta, minha gente...deixa a tristeza pra lá.